"Não tenho informação sobre o incidente, mas se o Escritório de Segurança Pública agiu para garantir a ordem deve ter alguma razão", justificou hoje o porta-voz das Relações Exteriores, Qin Gang.
O "Primeiro Festival de Cultura Gay e Lésbica de Pequim", de três dias de duração, foi cancelado na sexta-feira - com grande presença de efetivos policiais - uma hora antes da inauguração.
"Os cidadãos chineses desfrutam de direitos estipulados em sua constituição, mas ao mesmo tempo têm que respeitar normas e regulamentos", acrescentou o porta-voz, ao mencionar o incidente.
O cancelamento do festival foi considerado uma "violação das liberdades básicas" e parte de uma campanha de perseguição dos ativistas que enfrentam o aumento da aids na China, segundo um comunicado enviado hoje à EFE pela organização Human Rights Watch, com sede nos Estados Unidos.
"A China continua falando de reforma política, mas o cancelamento destes atos culturais é uma recordação dos limites de sua abertura", diz o comunicado.
O festival, previsto para acontecer no distrito artístico pequinês de Dashanzi, recebeu uma proibição do Escritório de Segurança Pública para usar a área, por isso teve que ser transferido para o bar "On/Off", um dos centros de reunião de homossexuais em Pequim.
Cerca de 20 efetivos policiais entraram no bar na sexta-feira e obrigaram a esvaziar o local e a retirar o material que fazia parte da exposição (pinturas e equipamentos de projeção e som), enquanto alguns organizadores denunciaram à Human Rights Watch que foram vigiados pela Polícia.
Segundo os organizadores, a grande divulgação do festival, ao qual compareceram vários jornalistas, pode ter causado o cancelamento, já que atos semelhantes com menor divulgação já aconteceram sem problemas.
Uma pesquisa publicada em setembro revelou que até 40 milhões de homossexuais vivem na China, dos quais 21% foram agredidos, insultados ou extorquidos em algum momento devido a sua condição, embora nos últimos anos sejam cada vez mais aceitos socialmente.