A participação de políticos estrangeiros surge numa altura em que as autoridades polacas estão a seguir uma agenda ultra-conservadora olhada com desconfiança por outras capitais da UE. Na quinta-feira, num apelo sem precedentes, os antigos presidentes polacos Lech Walesa e Aleksander Kwasniewski (de famílias partidárias opostas) juntaram-se para denunciar o clima político e, em particular, a lei da purificação. Rodeados de artistas e do eurodeputado Bronislaw Geremek, os dois chefes de Estado contestaram as "práticas irresponsáveis e perigosas que levam à violação da vida privada" e criticaram o Governo e o que consideram ser um ataque à liberdade de expressão.
A coligação no poder já tentou alterar manuais escolares e tornar o aborto inconstitucional, mas a sua iniciativa mais polémica foi a lei que obrigaria 700 mil pessoas a apresentarem provas de que nunca colaboraram com a antiga polícia política comunista. Esta semana, o Tribunal Constitucional chumbou o diploma.
A presidente da Câmara de Varsóvia, Hanna Gronkiewicz-Waltz, liberal, recusou-se a proibir a parada gay, ao contrário do que acontecera em 2004 e 2005, quando o actual chefe de Estado e então autarca, Lech Kaczynski, cancelou a iniciativa. O PiS, Partido da Lei e Justiça, dos gémeos Kaczynski (o outro irmão é o primeiro-ministro, Jaroslaw) perdeu a câmara em Novembro.
Kaczynski coligou-se com dois partidos, que controla melhor se estiverem no governo: Autodefesa e Liga das Famílias Polacas. Esta, chefiada pelo ministro da Educação, Roman Giertych, apresenta as propostas mais radicais, que o PiS suaviza. Esta semana, Giertych propôs proibir nas escolas "a propagação da homossexualidade", tema que nem poderá ser discutido nas aulas.