vida, indispensável para comprar casa. Desta lista fazem parte pessoas
com HIV, hepatites, patologias cardíacas, cancros e doenças genéticas.
Os doentes queixam-se de discriminação e as seguradoras alegam não ser
possível proceder de outra maneira. Foram estas as balizas do debate ontem produzido em Lisboa por iniciativa da Comissão Nacional de Luta contra a Sida (CNLCS). O coordenador da CNLCS, Fernando Ventura, discordou da prática das
seguradoras, pois, actualmente, a sobrevida dos infectados pelo HIV é muito próxima da esperança de vida das pessoas seronegativas. No lado oposto está o especialista da companhia de resseguros Suisse Reinsurance, por considerar que o objectivo das seguradoras "é conseguir como clientes o maior número de pessoas, para que o custo possa ser mais baixo". André Chuffart explicou que, "se não houver selecção de clientes, o prémio tem de aumentar para toda a gente, sob o risco de falência". André Chuffart adiantou que hoje as seguradoras
fazem apólices para transplantados, o que não acontecia no passado, não excluindo a hipótese de, mais tarde, isso poder acontecer com doentes com sida. Pedro Silvério Marques, da Abraço, considerou tais práticas "inconstitucionais", dados os direitos assumidos na Constituição, que "visa o respeito, a defesa e a promoção dos direitos humanos". Em sua opinião, as preocupações das seguradoras "centram-se em aspectos técnico-financeiros e nas normas de boa gestão, não manifestando qualquer sensibilidade sobre os aspectos éticos que a actividade que regulamentam deve cumprir".