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Terça-feira, 18 Setembro 2018 09:04

PORTUGAL
Mais um dia muito positivo no Queer Lisboa 2018.



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Uma das grandes surpresas para mim, é o nível dos filmes seleccionados para a Competição Queer Art.

PORTUGAL: Mais um dia muito positivo no Queer Lisboa 2018.

Já ontem gostei muito do "Inferninho" e hoje vi mais dois filmes desta competição muito interessantes.

Um deles, mais um filme brasileiro (que neste festival tem uma forte representação), chama-se "Superpina", um filme realizado por um jovem realizador, Jean Santos, e que deve o nome a um supermercado localizado no bairro do Pina, na cidade do Recife.

É este local o sítio escolhido para alguns fenómenos originais, entre os quais a prática de um novo conceito de amor - o "Amor Primo", uma ideia de uma entidade colectiva em oposição ao amor individual; assim o Pina vai sendo invadido por diferentes orgias, acompanhados por de raros fenómenos meteorológicos. É um filme muito ousado, louco, mas que nos mostra no meio de coisas absurdas, formas diferentes de experimentar o sexo.

O outro filme é libanês e é realizado por Mazen Khaled, e chama-se "Martyr", tendo por cenário a cidade de Beirute. Foca-se num grupo de rapazes habitantes dum bairro pobre, unido por um sentido de marginalização e falta de esperança. O protagonista, Hassane, está desempregado e prefere passar os dias junto ao mar do que procurar trabalho.

Acidentalmente morre e o filme é essencialmente a forma como essa morte é encarada, tanto pelos amigos, como pela família, e com uma conexão religiosa, já que no Islão os mártires têm certos rituais quando morrem, embora neste caso, não se possa considerar Hassane como um mártir. Mas a família e os amigos consideram-no como tal e assim o seu corpo é lavado e perfumado pelos amigos.

É um filme muito belo que desconstrói conceitos de masculinidade e explora o o imaginário homo-erótico do amor fraternal entre homens.

Mas para mim o filme do dia foi "Apricot Groves", apresentado na secção Panorama. É um surpreendente filme arménio, realizado por Pouria Heidary Oureh e que nos fala de dois irmãos que têm uma dupla nacionalidade, são arménios e iranianos, vivendo o mais velho na Arménia e o mais novo nos EUA; este é um homem transexual e chega à Arménia para propor casamento a uma sua conterrânea que conheceu na América

Estes pedidos de casamento seguem certas tradições e com a ajuda do irmão mais velho essa cerimónia é efectuada embora sob a desconfiança do pai da noiva que só aceita o casamento porque se tinha oposto anteriormente ao casamento de um filho e assim o perdeu e não quer também perder a filha... Finda a cerimónia o jovem vai para Teerão onde se irá submeter a uma cirurgia para resolver a sua situação de género.

São duas culturas diferentes, nomeadamente no que respeita à religião e isso obriga que toda a situação seja delicada e problemática. Filme deveras interessante.

Como complemento foi apresentada uma boa curta metragem focando o problema da emigração - "A Drowning Man", do realizador dinamarquês-palestiniano Mahdl Fleifel, sobre o difícil dia a dia de um refugiado palestiniano em Atenas, que o obriga a aceitar determinados compromissos de forma a sobreviver.

PORTUGAL: Mais um dia muito positivo no Queer Lisboa 2018.

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