Numa reunião preparatória do Fórum Social Português (FSP) realizada no passado dia 15 de Setembro na sede da CGTP, para consensualizar as propostas portuguesas para o programa do FSE, António Serzedelo causou polémica ao opor-se à possibilidade de a dirigente do Clube Safo ser uma das oradoras em Paris, na conferência central sobre os temas lgbt, argumentando que tal proposta "não foi consensualizada com a Opus Gay". Como habitual, nas reuniões do FSP, um mero veto é suficiente para bloquear as decisões, visto que não existem votações mas procuras de consenso. Curiosamente, a Opus Gay tinha já apresentado previamente várias propostas de oradores e subscsrito outras tantas, sem qualquer tentativa de coordenação junto das restantes associações lgbt. Fabíola Cardoso tinha sido proposta - em coordenação com a rede lgbt europeia ligada aos Fóruns Sociais Europeus - por outros colectivos LGBT portugueses, nomeadamente a associação de Coimbra Não Te Prives, que pretendia fazer aprovar o nome de alguém do movimento lgbt por parte dos outros movimentos sociais portugueses: na reunião estavam presentes desde sindicatos, associações ambientalistas, associações culturais, até associações socio-profissionais, de cooperação , de desenvolvimento local ou de Direitos Humanos. A representação lgbt portuguesa nas conferências centrais em Paris conta agora com a única esperança de Fabíola Cardoso ser proposta e aprovada pelos movimentos sociais franceses, por sugestão das associações lgbt locais, que tomaram conhecimento do caso. A atitude do presidente da Opus Gay deixou, porém, perplexos, vários activistas da rede lgbt europeia. Esta rede informal, constituída com base nas associações e colectivos lgbt de cerca de 15 países europeus que estiveram ligados ao processo do Fórum Social Europeu em 2002, é um espaço de debate integrado por várias associações portuguesas, entre as quais a ILGA Portugal, Clube Safo, Não Te Prives, PortugalGay.PT ou o Grupo Oeste Gay. Esta rede de contactos que tem servido de suporte à preparação do Fórum Social Europeu pelas associações lgbt, é também composta por variad@s activistas, colectivos, associações e federações lgbt francesas, espanholas, gregas, eslovenas, croatas, britânicas, alemãs, italianas, turcas, holandesas e de outras proveniências. A proposta da referida conferência central - bem como da inclusão, nela, de Fabíola Cardoso - resultou do debate internacional entre estas organizações, mas tem enfrentado dificuldades em cada um dos países de origem dos oradores propostos, onde quotas-limite de oradores definidas por país não têm incluído as propostas lgbt, numa demonstração de que muitas vezes os restantes movimentos continuam a considerar secundários estes temas. Ironicamente, em Portugal, onde a proposta de uma oradora lésbica era pacífica junto dos restantes parceiros, e ao contrário de tudo o que se podia esperar, a proposta acabou bloqueada por uma associação gay. [Mais informações sobre este caso em:
www.portugalgay.pt/politica/ ]