O primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, quer realizar um referendo postal informal não vinculativo sobre a igualdade no casamento civil no final deste ano, depois de ter bloqueado a aprovação direta da lei no parlamento.
E as forças de bloqueio já se começam a posicionar com a Igreja Católica na frente. Poucos dias depois do anúncio da votação, o arcebispo de Sydney, Anthony Fisher, procurou mobilizar os paroquianos para apoiar um voto "não", enquanto os Bispos do país começaram a receber uma missiva contra o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. São mais de 5 milhões de católicos na Austrália, tornando-se a maior denominação cristã do país que tem cerca de 25 milhões de habitantes.
Campanha de medo
Ao contrário do que aconteceu em Portugal e noutros países do mundo em que a igualdade do casamento civil é uma realidade há anos, o arcebisbo está a tentar convencer os paroquianos que os que "acreditam" no "casamento tradicional" serão de alguma forma alvo de perseguição e aproveitou que estava lançado e falou também da "propaganda [do governo] a favor do casamento do mesmo sexo e da fluidez do género" numa referência clara das ideias defendidas pelo Papa Francisco.
O documento distribuído pela Igreja reforça a ideia base do casamento católico de paternidade vs. maternidade e defende que
As amizades [sic] do mesmo sexo são de um tipo muito diferente: tratá-las como o mesmo faz uma grave injustiça para ambos os tipos de amizade e ignora os valores particulares que os casamentos reais servem Igreja Católica Australiana
Tal como em outros países tradicionalmente católicos como a Irlanda, Espanha e Portugal a Igreja Católica tenta assim evitar as mudanças legislativas, que acabaram por acontecer e são uma realidade do dia-a-dia. Veremos o que acontece na Austrália.