"É um final infeliz da história", afirmou Otto Bernhardt, um dos administradores do grupo. "Estou muito desapontado por não termos conseguido angariar dinheiro para pagar às vítimas", acrescentou. A alienação do restante património da IG Farben deverá ser suficiente para pagar os créditos bancários de 28 milhões de euros, mas os accionistas da IG Farben e os sobreviventes ou descendentes de dezenas de milhares de trabalhadores escravos não serão indemnizados.
Criada a 9 de Dezembro 1925, a IG Farben foi, até à sua dissolução pelos Aliados em 1945, o número um mundial da indústria química. O segredo do êxito do conglomerado era a sua aposta na pesquisa e desenvolvimento, o que lhe garantiu, por exemplo, dois prémios Nobel, atribuídos a Carl Bosch (Química, em 1931) e a Gerhard Domagk (Medicina, em 1939) e mais de 39 mil patentes.
Em 1929, em plena crise económica, o grupo tinha um volume de negócios de 1,6 mil milhões de marcos (Reichmark), dos quais 60 por cento provinham da exportação. Trabalhando em estreita cooperação com o regime nacional socialista, o conglomerado, que congregava mais de 700 empresas, rapidamente se implicou na política da "solução final". No campo da morte de Auschwitz foi montada uma fábrica de borracha e de óleo sintético. Durante a II Guerra Mundial a IG Farben empregava 190 mil pessoas e mais de 400 trabalhadores escravos.
Em 1948, um tribunal militar norte-americano condenou treze dirigentes do conglomerado a penas de prisão entre seis meses e seis anos por "escravatura" e "tratamento desumano de civis e prisioneiros de guerra". O património do conglomerado foi apreendid , sendo a IG Farben desmantelada. As actividades sem ligação directa com o nacional socialismo foram repartidas por novas empresas, como a Bayer, a BASF, a Agfa e a Hoechst, actuais pilares da indústria química alemã. As empresas directamente implicadas na Shoah foram reagrupadas na "IG Farben in Abwicklung", uma sociedade destinada a regular o contencioso antes de se autodissolver. Em 1957 a IG Farben assinou um acordo com a Jewish Claims Conference e pagou sete milhões de dólares em indemnizações às vítimas do regime nazi. Também as empresas resultantes do desmantelamento do grupo contribuíram com 5,9 mil milhões de dólares para o Fundo de Indemnização do Trabalho Escravo, criado durante a anterior legislatura do chanceler Gerhard Schroeder