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Segunda-feira, 17 Novembro 2003 00:59

ALEMANHA
Empresa Ligada ao Extermínio dos Judeus Fecha Portas



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No seu auge, durante a II Guerra Mundial, a IG Farben, era o maior grupo químico do mundo e um sinistro símbolo do poderio industrial nacional socialista. Na passada segunda-feira o conglomerado alemão, tristemente célebre por ter produzido o gás ZYKLON B utilizado nos campos de concentração nazis para exterminar os judeus, depositou no Tribunal Administrativo de Frankfurt o pedido de insolvência. Cinquenta e oito anos após o final do III Reich, o conglomerado químico deu início a um processo de liquidação judiciária, pondo um ponto final num dos episódios mais sombrios da história económica alemã e deitando por terra as esperanças daqueles acreditavam que o restante património da IG Farben poderia reverter a título de reparações para as vítimas do terror nazi.


"É um final infeliz da história", afirmou Otto Bernhardt, um dos administradores do grupo. "Estou muito desapontado por não termos conseguido angariar dinheiro para pagar às vítimas", acrescentou. A alienação do restante património da IG Farben deverá ser suficiente para pagar os créditos bancários de 28 milhões de euros, mas os accionistas da IG Farben e os sobreviventes ou descendentes de dezenas de milhares de trabalhadores escravos não serão indemnizados.

Criada a 9 de Dezembro 1925, a IG Farben foi, até à sua dissolução pelos Aliados em 1945, o número um mundial da indústria química. O segredo do êxito do conglomerado era a sua aposta na pesquisa e desenvolvimento, o que lhe garantiu, por exemplo, dois prémios Nobel, atribuídos a Carl Bosch (Química, em 1931) e a Gerhard Domagk (Medicina, em 1939) e mais de 39 mil patentes.

Em 1929, em plena crise económica, o grupo tinha um volume de negócios de 1,6 mil milhões de marcos (Reichmark), dos quais 60 por cento provinham da exportação. Trabalhando em estreita cooperação com o regime nacional socialista, o conglomerado, que congregava mais de 700 empresas, rapidamente se implicou na política da "solução final". No campo da morte de Auschwitz foi montada uma fábrica de borracha e de óleo sintético. Durante a II Guerra Mundial a IG Farben empregava 190 mil pessoas e mais de 400 trabalhadores escravos.

Em 1948, um tribunal militar norte-americano condenou treze dirigentes do conglomerado a penas de prisão entre seis meses e seis anos por "escravatura" e "tratamento desumano de civis e prisioneiros de guerra". O património do conglomerado foi apreendid , sendo a IG Farben desmantelada. As actividades sem ligação directa com o nacional socialismo foram repartidas por novas empresas, como a Bayer, a BASF, a Agfa e a Hoechst, actuais pilares da indústria química alemã. As empresas directamente implicadas na Shoah foram reagrupadas na "IG Farben in Abwicklung", uma sociedade destinada a regular o contencioso antes de se autodissolver. Em 1957 a IG Farben assinou um acordo com a Jewish Claims Conference e pagou sete milhões de dólares em indemnizações às vítimas do regime nazi. Também as empresas resultantes do desmantelamento do grupo contribuíram com 5,9 mil milhões de dólares para o Fundo de Indemnização do Trabalho Escravo, criado durante a anterior legislatura do chanceler Gerhard Schroeder

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