Este ano a organização presenteou-nos com um breve trecho de Silenciados um peça de teatro que pretende de uma forma estética mas ao mesmo tempo intensa e algo real por vezes, numa descrição de que se morre por se ser diferente, por se ter uma orientação sexual que não corresponde a uma norma, dita estabelecida.
Depois Albino Cunha, presidente da Associação Janela Indiscreta fez o mestre de cerimónia agradecendo ao público mas também as instituições que apoiam e tornam possível mais uma edição do QueerLisboa. João Ferreira e Ana David apresentaram o júri das diferentes secções em competição, assim como chamaram ao palco um grande número de colaboradores que tornam possível edição após edição deste importante festival de cinema.
O filme de abertura, que faz a sua antestreia neste festival, uma vez que segue depois para os circuitos comerciais, foi Howl ou Uivo. Uma ficção quase em forma de documentário que nos fala do pequeno livro com o mesmo nome que em 1957 gerou polémica e foi mesmo levado a tribunal por, supostamente, usar linguagem obscena. Isto na cidade de São Francisco.
Numa recriação da cena de tribunal, observamos um desesperado defensor dos ditos bons costumes, que num livro poético encontra motivos mais que suficientes para condenar o seu editor, porque este teve a libertinagem de publicar tais textos que seriam de nulo valor literário. Do outro lado o advogado calmo e objectivo, que baseia a sua defesa no direito à liberdade de expressão, e por consequência de expressão, ao mesmo tempo o realizador vagueia entre a sala do tribunal, um daqueles saraus clandestinos de poetas onde a bebida e fumo do tabaco se misturam com palavras eloquentes fervorosas de amor, de energia e muitas vezes de dor e ódio, onde está a nossa personagem e autor dos versos Allen Ginsberg a declamar UIVO, mas enquanto o faz a sua leitura é por vezes ilustrada com uma animação colorida, onde imagens angelicais ou mais humanas voam erraticamente pelo espaço entre os prédios de uma cidade, ou energias transbordam da boca de um saxofone, e ainda ao mesmo tempo o realizador acompanha estas duas cenas com mais uma, a de uma suposta entrevista efectuada a Ginsberg a propósito do poema.
Um filme a não perder para os amantes de bom filme, e de retratos da história, quando este estiver nas salas de cinema.
Seguiu-se depois e já no espaço da cafetaria uma performance lírica e teatral de encenação simples mas visualmente colorida pelas maquilhagens e pelos adornos em penas luxuosas.
A festa, essa, seguiu-se com música, regada com o patrocínio da Jameson e da Absolut Vodka patrocinadores do QueerLisboa15.
Veja a programação completa em www.queerlisboa.org .