A rampa de lançamento da campanha ontem lançada pela comissária europeia do Emprego e dos Assuntos Sociais, Anna Diamantopoulou, é precisamente esta. As regras estão a apertar e, avisa, não são letra morta. Os belgas, os austríacos, os alemães ocidentais e os dinamarqueses são os que menos conhecem a legislação sobre discriminação. Portugal também não brilha, ficando nos 53 por cento. Os finlandeses são os melhores alunos nesta tabela que sonha a igualdade. De acordo com dados divulgados ontem pelo Eurobarómetro, não obstante esta ignorância generalizada, ascende a 83 a percentagem de europeus que se opõe firmemente a qualquer forma de discriminação. Sete em cada dez diz mesmo que apresentaria queixa caso se sentisse vítima. E o grosso (80 por cento) queixar-se-ia verbalmente. A campanha "Pela diversidade - Contra a discriminação" foi apresentada em Bruxelas na véspera da entrada em vigor de duas novas directivas. A legislação europeia já proibia a discriminação étnica, agora obriga mesmo os governos a criarem apoio às vítimas. Uma outra peça legislativa já interditava a discriminação laboral com base em crenças religiosas, idade, orientação sexual e deficiência. Mas as múltiplas variações da paisagem europeia aconselham a algum afunilar. Os executivos nacionais têm até Dezembro de 2003 para proceder às alterações necessárias para fazer vingar o princípio da igualdade no acesso a um emprego ou a um estágio. Poucos são os inquiridos que experienciaram alguma forma de discriminação. O grupo mais citado é o da idade (cinco por cento), seguido de o da origem étnica, das crenças religiosas, da deficiência e da orientação sexual (um por cento). As diferenças verificadas de país para país focam, sobretudo, a questão racial. A Alemanha (sete por cento) e o Luxemburgo (seis) ficam acima da média europeia; Portugal pode orgulhar-se de ficar abaixo (três por cento). Apesar de ser diminuta a quantidade de europeus que diz já ter sido vítima de discriminação (um dado que não se pode divorciar do facto de quase metade nem perceber quando o está a ser), cerca de um quinto revela já ter assistido a situações do género. Mas, frisa o relatório do Eurobarómetro, também este facto não deve ser lido como uma evidência. Um mesmo acto discriminatório pode ser ter sido observado por muita gente. A categoria mais assinalada por quem presenciou a uma discriminação é étnica. Porém, apontam-se as dificuldades de aprendizagem dos deficientes mentais como a maior desvantagem no acesso a um emprego. Muito poucos encaram a homossexualidade como uma desvantagem.
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