O documento do Vaticano, entregue ao jornal americano nessa quarta-feira, 14/9, por um padre que pediu para não ser identificado por temer represálias, surge no momento em que os católicos aguardam uma manifestação do Vaticano que determinará se homossexuais devem ou não ser impedidos de exercer o sacerdócio.
Segundo o NYT, seminaristas e padres gays têm sido alvo de um escrutínio rigoroso porque um estudo encomendado pela Igreja revelou no ano passado que cerca de 80% dos jovens que foram vítimas de abusos sexuais por parte de padres eram garotos. Especialistas em sexualidade humana advertem que a homossexualidade e a atração por crianças são dois fenômenos diferentes, e que uma percentagem desproporcional de garotos pode ter sido vítima de abusos porque os padres contam com mais possibilidade de acesso aos alvos masculinos --como coroinhas ou jovens seminaristas-- do que às garotas.
Mas algumas autoridades da Igreja nos Estados Unidos e em Roma, incluindo alguns bispos e vários sacerdotes conservadores, atribuem o abuso a padres gays, e pedem uma reformulação dos seminários. A antecipação quanto a uma medida dessa natureza aumentou neste ano com a eleição do papa Bento 16, que falou da necessidade de "purificar" a Igreja.
Não se sabe quantos padres católicos são gays. As estimativas variam de 10% a 60%. O catecismo da Igreja Católica afirma que pessoas com tendências homossexuais "profundas" devem viver em estado de castidade porque "os atos homossexuais são intrinsecamente doentes".