C. J., nasceu em Lisboa em 1960, viveu em África e no continente americano, onde singrou na consultadoria informática. Recentemente, regressou a Portugal e fixou-se no Sul do país, assumindo negócios nos ramos do multimédia e do imobiliário.
Filha de um oficial da Marinha portuguesa e de uma doméstica, começou a questionar a sua identidade sexual aos seis anos de idade, vestia roupa feminina em segredo e, na escola, juntava-se às brincadeiras das meninas. Acabou por assumir um casamento convencional aos 26 anos, sempre na expectativa, ainda que vaga, de que o «problema» ia desaparecer.
Contou mais tarde à companheira a sua identidade de género e a ruptura do casamento foi o princípio da reassignação.
Começou a usar socialmente roupa feminina, mas continuava a ir para emprego com vestuário masculino, até contar à entidade patronal que pretendia despedir-se porque iria assumir-se como mulher. «Nem pensar», disseram-lhe, numa atitude que a surpreendeu agradavelmente e lhe permitiu continuar na empresa por mais algum tempo. Ao contrário, a reacção na família directa foi de «completa rejeição», um quadro que entretanto se alterou.
C.J tem dupla nacionalidade, a reassignação de sexo foi feita e reconhecida legalmente no Canadá, mas Portugal recusa-se a aceitar a situação e não emite novo BI e outra documentação legal com o sexo correcto.
O advogado de C.J. já informou que vai recorrer a todos os meios legais possíveis para ultrapassar esta situação incluindo, se necessário, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.