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Domingo, 14 Dezembro 2003 00:59

PORTUGAL
Bispo do Porto Defende Despenalização do Aborto



PortugalGay.pt

Correndo o risco de ser interpretado como uma voz dissonante dentro da Igreja Católica, o bispo do Porto, D.


Armindo Lopes Coelho, afirma-se contra a penalização das mulheres que praticam o aborto, numa entrevista ontem publicada no "Expresso". D. Armindo é "uma pessoa muitíssimo inteligente, um bom teólogo e as pessoas devem estar atentas ao que ele diz", comenta, a propósito, o antigo bispo de Setúbal, D. Manuel Martins , escusando-se a fazer mais declarações. Na entrevista ao semanário, o bispo do Porto diz claramente que é "contra a penalização" e defende que "as crianças devem viver e ser amadas pelos pais", até porque "as instituições onde se colocam crianças indesejadas nunca são as melhores soluções". D. Armindo assume igualmente uma posição crítica relativamente aos grupos organizados contra e a favor da despenalização do aborto: enquanto existirem, acentua, "haverá sempre tensão e guerra no ar". Sublinhando que os abortos clandestinos se continuarão a praticar mesmo após a entrada em vigor de uma hipotética despenalização, o bispo do Porto considera ainda que a "única" solução para o problema é a "criação de condições sociais para que as famílias possam criar os seus filhos". Apesar de preferir esperar que D. Armindo venha a público "explicar o que quis dizer", José Paulo Carvalho, presidente da Federação Portuguesa pela Vida (que congrega várias associações contra a despenalizaçãodo aborto), foi ontem adiantando ao PÚBLICO que as afirmações do bispo mostram que o debate sobre o aborto "não é uma questão religiosa, não é uma guerra de católicos contra o resto do mundo". "Acho que ele deve explicar o que quis dizer. Também se tem afirmado que Bagão Félix é contra a penalização, quando ele apenas disse que se deve discutir se a pena de prisão é a mais adequada" para quem interrompe voluntariamente a gravidez, acrescentou. Frisando que não pretende "meter-se em polémicas com bispos", José Paulo Carvalho concluiu que o que D. Armindo pretendeu acentuar na entrevista foi que "a legalização não resolve o problema do aborto clandestino".

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