O professor Bob Grant, investigador do estudo iPrEx e PrEP em mulheres trans e homens homossexuais, afirma que "a PrEP protegeu as mulheres cisgéneras da infecção", mas para alcançar níveis que oferecem essa proteção, elas tem de tomar a medicação todos os dias sem falhas. Ele indicou 24 casos de mulheres em estudos de PrEP onde os níveis de fármaco foram testados antes e logo após a infecção e muitos dos resultados concluíram que as mulheres que tomavam quatro a cinco comprimidos por semana apresentaram maior taxa de infecção do que homens e mulheres trans com a mesma dose. Com esta informação, podemos assumir que uma aderência maior e mais consistente pode ser necessária para proteção total em mulheres cis.
Diferenças biológicas
Analisando as razões biológicas desta diferença D. Angela Kashuba da Carolina do Norte concluiu que demora mais tempo para que a PrEP atinja o tecido vaginal do que o tecido retal. Em algumas situações os níveis das drogas podem nunca atingir níveis de proteção adequados na vagina. A PrEP permanece no tecido retal muito mais tempo e atinge o tecido muito mais depressa do que na vagina, e é necessária uma dose mais baixa para atingir níveis eficazes. Os dados parecem bastante conclusivos. Se uma mulheres cis toma a PrEP todos os dias e começar o tratamento algumas semanas antes da exposição ao VIH, então a proteção é eficaz. Tal como no caso dos homens protecções adicionais como preservativos fazem sentido em determinados cenários.
Como ficam os homens trans?
As coisas complica-se, no entanto, para homens trans pré-operatórios como explica Cole Hayes da HIV Plus mag: a maior parte dos estudos são feitos com homens cis e com muitas poucas mulheres trans que têm sexo com homens cis. Há muito poucos estudos com mulheres cisgéneras e quase nenhuma informação foi recolhida sobre homens trans que usam PrEP. Não se sabe de que forma as terapias hormonais podem afectar a medicação, nem o efeito que pode ter na PrEP a atrofia do tecido vaginal que ocorre muitas vezes após o início da testosterona. Há claramente aqui um grupo de pessoas que está a ser ignorado, por enquanto, desta terapia que tem o potencial de revolucionar a forma como vemos o VIH.