As três figuras representadas - um padre, uma prostituta e um homossexual ["paneleiro" em calão]numa pose sugestiva - levaram a que, na homilia do passado domingo, durante o Dia Diocesano da Família, D. Jorge Ortiga tenha criticado severamente a atitude da RTVM. "Esses símbolos são lesivos da dignidade dos bracarenses e das bracarenses e é desprestigiante que instituições estatais se sirvam desses símbolos para anunciar as nossas potencialidades e atrair turismo", afirmou o arcebispo. O presidente da RTVM admite que o peça "não é pejorativa, é um boneco como outro qualquer" e demonstra uma forma imaginativa de mostrar a cultura do povo. "Se o arcebispo passasse ao lado teria sido melhor para ele, porque não fazia promoção, o artesão agradece a publicidade gratuita e vai querer produzir em série", contou Henrique Moura, afiançando que o objectivo futuro passa por oferecer aos turistas e a instituições cópias daqueles bonecos que granjeiam crescente sucesso aos olhares curiosos. O artesão que criou os "Três Pês" considera que a estatueta, cujo fito inicial era representar Braga e "brincar" com a cultura do povo minhoto, "não é nada de especialmente provocante". "Tenho o meu direito à expressão e cada um assimila as expressões dos outros em função de si mesmo, por isso só lamento que o arcebispo tenha falta de cultura", adiantou o barcelense Joaquim Esteves. Para aquele membro da Associação de Artesãos do Minho, os tempos de Galileu e da sachola "já lá vão" e "não faz sentido" continuar a viver-se ligado ao fundamentalismo. "Esse é o grande problema de Portugal. Não encontro nenhum país onde a Igreja domine que se tenha desenvolvido", sustentou, antes de rematar: "Deus disse para nos amarmos uns aos outros, não disse para amarmos a Igreja".
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