Em Roma, cerca de três mil pessoas, na grande maioria mulheres, desfilaram no centro da cidade até ao Ministério da Saúde.
«Estou contente que estas mulheres estejam aqui para defender uma lei importante e para reafirmar a responsabilidade e autonomia das mulheres», declarou a ministra Livia Turco, que veio saudar as participantes.
Registaram-se escaramuças entre a polícia e os manifestantes que ameaçavam romper o cordão das forças da ordem.
«Silvana, estamos contigo», proclamavam os cartazes, em apoio à napolitana de 39 anos cujo aborto às 21 semanas de gravidez, por razões terapêuticas, foi alvo de um inquérito.
A polícia interveio depois de ter recebido um telefonema anónimo a fim de verificar a legalidade da interrupção da gravidez, levando o feto e interrogando a paciente imediatamente depois da operação.
«Nunca pensei na minha vida que viria para a rua», indicou Giovanna Marturano, 96 anos, falando da «perseguição» às mulheres.
«Estamos aqui para manifestar a nossa cólera a propósito do que se passou em Nápoles», indicou Serena, 20 anos.
Em Nápoles, cerca de 300 pessoas manifestaram-se em frente do hospital onde foi praticado o aborto, segundo o correspondente da cadeia de televisão em contínuo Sky Tg24.
A direita relançou esta semana o debate sobre o direito ao aborto no quadro das legislativas de Abril.
O chefe da direita italiana Silvio Berlusconi introduziu terça-feira o tema ultra-sensível do aborto logo no início da campanha eleitoral, apoiando uma moratória universal e defendendo a ideia do reconhecimento do direito à vida «desde a sua concepção».
O aborto é autorizado em Itália desde 1978 mas a Igreja católica continua a usar a sua influência na classe política e nos meios médicos para relançar o debate sobre as condições de aplicação da lei.
Os opositores ao aborto apelam em particular para uma diminuição do período de 24 semanas para os abortos terapêuticos devidos ao progressos médicos registados nos últimos 30 anos.