Nascido no Marco de Canaveses, o António era ator. Fez o curso de interpretação na Academia Contemporânea do Espetáculo, no Porto e estudou na Escola Jacques Lecoq, em Paris. Trabalhou como ator em várias companhias de teatro (entre outras, Teatro do Bolhão, o Centro Dramático de Viana/Teatro do Noroeste, Teatro das Beiras, Terra na Boca).
Trabalhou também como produtor (por exemplo, no Teatro da Didascália) e fez espetáculos por sua iniciativa, com textos escritos para ele ou por ele. Participou em vários filmes (por exemplo, “A rapariga da máquina de filmar”) e em séries e novelas na televisão (como “Rosa Fogo”, entre outras). Era formador de teatro, de interpretação e de movimento. Tinha neste momento em mãos o projeto de interpretar um texto escrito pela Regina Guimarães. Além de ator, o António era também poeta, tendo publicado um livro de poemas pela editora Korpus e tendo poesia sua inserida em obras coletivas, como a “Antologia da Cave - 25 anos de Poesia no Pinguim Café”.
Ativista destacado do movimento LGBT+ em Portugal, António Alves Vieira era um militante ativo das Panteras Rosa e um impulsionador da Marcha do Orgulho LGBT+ do Porto, tendo participado nela desde o início, na sequência do seu envolvimento na reação que teve lugar na cidade quando Gisberta foi assassinada, em 2006. Fez parte da organização do MayDay no Porto. Fez parte do ContraBando - Espaço Associativo, sendo um dinamizador cultural empenhado e comprometido. Foi um militante da luta pelos direitos laborais des artistas do espetáculo e por uma outra política cultural. Esteve em várias lutas anti-racistas, anti-fascistas, anti-autoritárias. Diversas associações, coletivos e pessoas com as quais António fez um caminho comum expressaram já a enorme perda que a sua morte representa para o combate da luta LGBT+ e contra todas as discriminações, para o campo socialista e ativista em Portugal. Era militante do Bloco de Esquerda, tendo sido, por diversas vezes, candidato pelo Bloco em eleições. A luta pela emancipação fica hoje mais pobre, mas o António servirá como inspiração para os combates do futuro.
(texto adaptado do original publicado em Esquerda.net)