Alicja Tysiac, que acabou por sofrer uma perda significativa da visão depois do nascimento da criança e é agora dada como deficiente, apelou ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e argumenta que lhe foi recusada a prática do aborto por motivos terapêuticos ou de saúde, um dos três casos em que tal é permitido por uma das mais restritivas leis da Europa.
Alicja invoca dois artigos da Convenção Europeia dos Direitos do Homem relativos à protecção do direito ao respeito pela vida humana e à proibição de tratamentos desumanos ou degradantes e argumenta que ambos foram violados no seu caso. "A Polónia não protegeu a saúde de Alicja Tysiac quando estava num estado vulnerável", alegou a advogada perante o tribunal, na cidade francesa de Estrasburgo.
A mulher, de 35 anos, consultou vários oftalmologistas depois de saber que estava grávida pela terceira vez. Todos lhe disseram que o risco para a sua visão era muito grande, se levasse a gravidez até ao fim, mas nenhum quis passar o certificado que lhe permitiria fazer o aborto. Alicja ainda recorreu a um ginecologista, mas a resposta foi a mesma.
Depois do parto, por cesariana, os piores diagnósticos confirmaram-se e Alicja sofreu uma hemorragia na retina. Não consegue ver objectos a mais de um metro e meia de distância e cria sozinha os seus três filhos.
O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem não pode interferir na legislação polaca, mas pode considerar que os direitos de Alicja foram violados. Reuters