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Domingo, 11 Janeiro 2004 00:59

PORTUGAL
Madeira Seis Anos Depois do Escandâlo



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Cláudia Neves, dirigente nacional da Organização Não Governamental Inocência em Perigo, dorme mal. "Estou farta de receber ameaças" - cartas que lhe dizem para não se deslocar à Madeira, telefonemas que lhe sussurram que vá sem aviso e que leve guarda-costas. Nada a detém. Quer levar um representante das Nações Unidas à ilha, onde afirma que as crianças de rua continuam a entrar em filmes pornográficos rodados por estrangeiros. Como os "meninos das caixinhas", que foram apanhados pela rede internacional de pedofilia denunciada em 1997. No próximo dia 28, Cláudia Neves irá ao Parlamento Europeu falar de práticas pedófilas em Portugal - "de Norte a Sul do país, nos Açores e na Madeira". "Não quero dizer que a Madeira é feia!", desabafa, desde a sua casa, na Suiça, para afastar a tradicional teoria do governo regional, baseada em alegadas tentativas de denegrir a imagem do mais velho destino turístico nacional. "Quero dizer que há crianças em perigo, que há redes, que há estrangeiros que vão lá fazer filmes pornográficos", segue. E dá o exemplo de um menino alemão, que revelou ter estado na ilha a rodar umas cenas de sexo e que foi resgatado de uma rede pedófila por esta ONG. Longe vão os tempos em que os meninos da "pedincha" enchiam a boca para contar episódios de abuso sexual a quem os quisesse ouvir - e quase ninguém queria. [...] A pedofilia é agora um segredo que se desvenda devagarinho. Para ouvir os relatos dos miúdos "é preciso tempo, confiança", refere Cláudia Neves, alegando ter testemunhos. Membros da Inocência em Perigo aproximaram-se dos meninos de rua e das suas famílias - residentes, sobretudo, em dois bairros de Câmara de Lobos - para lhes oferecer ajuda e apanhar as manhas. Viram meninas "de 12, 13 anos que namoram com homens de 30, 40". Pais que "entregam os filhos menores a cidadãos estrangeiros, convencidos de que será melhor para o futuro deles". Alguns deixam de dar notícias, conta Cláudia Neves, certa de que parte deles integram os circuitos pedófilos - na Holanda, na Bélgica, na França e noutros países. "Há crianças portuguesas - não só da Madeira - a prostituirem-se em Itália", afirma. [...]


"A prostituição continua a existir, só que agora é mais dissimulada", salienta Edgar Silva. Já não são 'os meninos das caixinhas'; "são os que arrumam carros, que andam de mealheiros, que vedem fotocópias de 'santos', que estendem a mão". Porventura crianças como Liliano (nome fictício), oito anos, que, frente a um caderno oferecido pelo PÚBLICO, começa por desenhar um barco sobre um mar povoado de peixes - o pai é pescador - e logo desenha a igreja onde tem catequese, a escola onde às vezes vai, a casa onde mora, um menino e, ao lado do menino, um pénis. Quem é? "Eu". O "eu", no caderno, é do tamanho do pénis. Um pénis virado para cima, com pêlos. Pede que se lhe desenhe um diabo. Faz-se-lhe a vontade. "Não tem pila!", admira-se. E logo acrescenta uns órgãos genitais, desta vez proporcionais, ao demónio. Um pénis virado para cima, com pêlos. Cláudia Neves assegura que a maior parte das denúncias feitas por crianças partem precisamente de desenhos semelhantes a este.

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