Os resultados foram baseados numa amostra nacional de mais de 15.000 estudantes do ensino básico e secundário. Os norte-americanos já estavam sensibilizados para o assédio moral e diversos casos recentes de suicídio com origem no bulling a que estão sujeitos alguns adolescentes pelos seus pares. Novos dados sugerem agora que estes jovens também sofrem um preconceito oculto quando são julgados pela escola e pelo sistema legal.
"Crianças homossexuais e bissexuais são punidas mais severamente pela polícia, tribunais e funcionários da escola, e não é porque eles se comportem pior que os outros", disse Kathryn EW Himmelstein, principal autora do estudo, que iniciou a pesquisa quando tirava a licenciatura na Universidade de Yale .
Segundo a própria Himmelstein o que o motivou para este estudo foi perceber um número desproporcional de adolescentes gays e lésbicas no tribunal, quando teve a oportunidade de trabalhar junto do sistema de justiça juvenil. Então decidiu procurar informação sobre o assunto e como não encontrou nenhuma pesquisa sobre o tema decidiu avançar com a sua tese de Mestrado.Ela usou dados de 1994 a 2002 do National Longitudinal Study of Adolescent Health, uma pesquisa contínua de monitoramento do comportamento e problemas de saúde de estudantes de ensino básico e secundário.
Os investigadores questionaram os jovens sobre crimes não-violentos como uso de álcool, mentir aos os pais, furtos e vandalismo, bem como crimes mais graves, como usar uma arma de fogo, assalto, ou vender drogas.
Os jovens homossexuais e bissexuais eram apenas ligeiramente mais propensos a relatar pequenos e moderados maus comportamento não-violentos do que seus pares heterossexuais, e eram menos propensos a se envolverem em crimes graves.
Mas depois de controlar as diferenças de comportamento, os pesquisadores descobriram que os adolescentes homossexuais e bissexuais em geral eram muito mais susceptíveis de serem parados pela polícia, presos ou condenados por um crime que os outros adolescentes.
Além disso, adolescentes que disseram ter experimentado sentimentos de atração pelo mesmo sexo eram muito mais propensos a terem sido expulsos da escola que os outros estudantes.
As raparigas que se diziam lésbicas ou bissexuais apresentavam um maior risco de punição, enfrentando paragens pela polícia mais 50 por cento e aproximadamente o dobro do risco de prisão e condenação quando comparadas com raparigas heterossexuais que relataram níveis similares de má conduta.
O estudo não foi concebido para determinar as razões que levam ao comportamento de adolescentes gays, lésbicas e bissexuais ter maior probabilidade de ser punido ou criminalizado. Os autores especulam que as punições mais severas poderão refletir um viés por funcionários da escola e tribunais, ou que os adolescentes podem ter menor probabilidade de receber serviços de apoio educativo e bem-estar infantil do que os seus colegas heterossexuais.