Este "filão" eleitoral - marcou a campanha para as legislativas de 25 de Setembro, da mesma forma que está a marcar a campanha para as presidenciais de domingo - encontra na prelatura o maior dos ecos, com um dos seus expoentes máximos, o bispo Tadeusz Pieronek, a assegurar "A homossexualidade é uma aberração, algo que se afasta das normas."
Os gémeos Kaczynski, do partido Lei e Justiça (PiS), não podiam estar mais de acordo, o mesmo se aplicando a outro destacado dirigente conservador, Kazimierz Marcinkiewicz, pai de quatro filhos e na calha para assumir a chefia do Governo. Na sua óptica, "a homossexualidade não é natural. O que é natural é a família e o Estado deve proteger a família". Como? Através do intervencionismo estatal. Assim, portanto "Se uma pessoa tentar 'contaminar' outras com a sua homossexualidade, o Estado deve intervir contra tal entrave à liberdade."
Intervir, legislando. Proibindo os "propagadores" de ensinar as crianças e os jovens polacos, nomeadamente. Pura demagogia, porém, pois a legislação da União Europeia (UE), de que a Polónia faz parte, o proíbe terminantemente.
"retórica do ódio". Seja como for, as palavras - a "retórica do ódio" - ficam com quem as disse, como lembram os representantes da comunidade homossexual. "Falar de homossexualidade durante a campanha eleitoral é muito compensador do ponto de vista político", lamentou Robert Biedron, presidente de uma das principais associações de homossexuais da Polónia, Campanha contra a Homofobia.
Um lamento partilhado por alguns sociólogos, como Jacek Kochanowski "Hoje, como já se não se pode atacar os judeus e os franco-mações, ataca-se os homossexuais." Outro sociólogo, Ireneusz Krzeminski, também vai por aí: "Na Polónia, assistimos a uma divisão entre a franja conservadora - com as tradições católicas nacionalistas de antes da guerra - e a franja moderna e aberta."
De onde, aliás, se reivindica Donald Tusk, o único candidato com hipóteses de deitar por terra os projectos homofóbicos de Lech Kaczynski. Liberal, Tusk demarca-se do PiS, ao defender os direitos cívicos das minorias "Não cabe aos políticos decidir o que é normal, ou não, na vida sexual das pessoas."