Após as boas vindas e apresentações da praxe a João Paulo Rebelo acompanhado de Silvia Vermelho, adjunta do Secretário, e de Álvaro Miguel Cardoso conselheiro da embaixada de Portugal em França, foram oferecidas camisolas oficiais da comitiva portuguesa e assim equipados puderem então assistir a um dos jogos dos Lisbon Crows, equipa de voleibol dos BJWHF (Boys Just Wana Have Fun).
Paragem seguinte no Estádio de Charlety onde estavam a decorrer, entre outros, os eventos de atletismo, para assistir à final dos 5000 metros corrida, com Portugal representado por Hugo Bráz.
A manhã prolongou-se e terminou bem depois das 14:00 com as provas de natação dos Lisboa Pool Boys, neste caso com duas presenças nas estafetas 400 metros estilos, acrescentado mais uma medalha de bronze na ocasião. Ainda hoje os Pool Boys obtiveram também uma medalha de bronze na prova de 200 metros costas.
Mais logo haverá ainda um cocktail e a apresentação do Fado Bicha em plena Câmara Municipal de Paris.
Foto-reportagem
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O porquê desta presença
Por ocasião da visita, o PortugalGay.pt teve oportunidade de questionar o Secretário de Estado sobre esta iniciativa.
PG: Qual a razão para ter um representante do Estado Português nesta edição dos Gay Games?
Houve dois motivos que concorreram de forma determinante para a minha presença nos Gay Games 2018: ter estado no Fórum IDAHOT 2018 e existir, pela primeira vez, uma delegação portuguesa nestes jogos.
No Fórum IDAHOT participei num painel sobre os direitos LGBTI+ no Desporto onde a Emy Ritt – diretora de relações internacionais destes jogos – afirmou ser importante a presença de membros dos diversos governos nacionais para um maior reconhecimento internacional do evento. Achei que deveria fazer a minha parte e estar presente. Para mais, lançavam-se os dados para o apoio institucional à delegação portuguesa nos Gay Games, em muito devido à proatividade de entidades como a associação desportiva Boys Just Wanna Have Fun e a Variações - Associação para o Comércio e Turismo LGBTI de Portugal, que promoveram esta articulação. No seguimento próximo que procuro fazer do movimento desportivo, e à semelhança do que faço com tantos outros eventos, pareceu-me relevante tomar contacto com estes jogos.
PG: Na perspetiva da Secretaria de Estado, qual a importância da existência de organizações como os Boys Just Wanna Have Fun e a sua participação em torneios nacionais em geral, e em eventos internacionais mais focados nas questões da diversidade?
A sociedade civil organizada é frequentemente pioneira e promotora de uma agenda política e social de combate à desigualdade e promoção dos Direitos Humanos e, felizmente, nos movimentos desportivos português e internacional, podemos contar com esses bons exemplos de entidades do setor do Desporto – desde os clubes de base local às organizações de cúpula – que têm vindo a desenvolver um trabalho meritório com vista à promoção de um movimento desportivo mais inclusivo, onde ninguém fique de fora, que proporcione o bem-estar, o divertimento e a felicidade e sentimento de superação que o define. Por isso, as minhas palavras só podem ser de incentivo: precisamos de todas as pessoas e organizações na construção de uma sociedade mais igualitária.
PG: Esta participação nos Gay Games é um sinal de uma cooperação mais regular focada nas questões LGBT+? Se sim, que outras iniciativas estão a ser preparadas na área?
O Desporto é uma ferramenta importante de educação e inclusão, com um contributo muito valioso para o bem-estar das nossas sociedades. Por isto, é nossa intenção reforçar o trabalho no âmbito dos direitos LGBTI+ no setor do Desporto, não apenas pelo apoio às iniciativas da sociedade civil organizada mas também na promoção de iniciativas próprias enquadradas no Plano Nacional de Ética no Desporto.
A igualdade na lei nem sempre corresponde a uma igualdade substantiva e por isso subsistem, na nossa cultura e práticas de convivência social, elementos de discriminação e violência que precisam de ser combatidos, desde logo a própria dimensão da invisibilidade das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo no Desporto. A nossa presença nos Gay Games pretende reconhecer, por um lado, o contributo destas pessoas – atletas, dirigentes, voluntárias… - no Desporto e, por outro, reconhecer o papel que o Desporto pode e deve desempenhar no combate à discriminação com base na orientação sexual, identidade de género e/ou características sexuais.
PG: Agradecemos a atenção dispensada, e estaremos atentos a próximas inciativas