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Quinta-feira, 6 Março 2003 00:59

PORTUGAL
Homossexuais contestam associação à pedofilia



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Sete organizações de defesa dos direitos dos homossexuais insurgiram-se contra o que consideram ser uma "operação concertada" na comunicação social contra as minorias sexuais desencadeada desde a denúncia do escândalo da Casa Pia de Lisboa, em Novembro passado.


Em causa, explicam, está a alegada associação entre homossexualidade e pedofilia na imprensa, o que já as levou a redigir uma "recomendação para um código de conduta dos media". Para contestar os vários textos noticiosos, artigos de opinião e mesmo cartas de leitores na imprensa, bem como as reportagens e acompanhamento dos alegados casos de abusos sexuais a alunos casapianos na televisão e rádio, as organizações agendaram para amanhã uma conferência de imprensa em Lisboa. O presidente da Opus Gay, António Serzedelo, sustenta que têm sido publicados artigos de opinião de editorialistas "homófobos, preconceituosos e reaccionários, ligados às forças mais retrógradas e fundamentalistas da sociedade portuguesa". Como exemplo do que designa como "operação concertada" na comunicação social, o responsável refere que têm sido publicadas "cartas iguais, com títulos diferentes e assinadas pelos mesmos autores" em diversos jornais a atacar os homossexuais a propósito do escândalo da Casa Pia de Lisboa. Contra a discriminação que dizem estar a ser sujeitos os homossexuais, as sete organizações, entre elas a Opus Gay, elaboraram uma "recomendação para um código de conduta dos media" sobre o qual foram pedidos pareceres à Alta Autoridade para a Comunicação Social e ao Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas. Em quatro parágrafos, as estruturas defendem que o jornalista tem de ter "consciência de o perigo de discriminação ser reforçado pelos media e fará os possíveis para evitar a sua promoção", nomeadamente em relação a questões de "etnia, género, orientação sexual, religião, idade, deficiência, opinião política ou outra". Essas características só deverão ser alvo de referência "se a posse dessa informação for absolutamente relevante para a notícia em causa", continua o documento. De acordo com os proponentes, os códigos deontológicos dos jornalistas da Austrália, Brasil, República Checa, Gana, Hong Kong, Irlanda, Holanda, Canadá (Quebec) e Estados Unidos já enumeram discriminações não admitidas na imprensa daqueles países.

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