Mais do que a falta de cuidados de saúde, o uso de seringas infectadas ou transfusões de sangue contaminado. As conclusões são de uma equipa de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Onusida, num artigo publicado hoje pela revista médica "The Lancet". Estas declarações vêm contrariar um trabalho defendido, no ano passado, por uma outra equipa de investigadores, liderada por David Gisselquist, que dizia que as injecções dadas com as mesmas agulhas e seringas a diferentes pessoas, sem antes serem esterilizadas, eram responsáveis por 40 por cento das transmissões de HIV nesta região do mundo. Agora, esses argumentos foram revistos por especialistas chefiados por George Schmid, do departamento de sida da OMS e indicam que a maioria dos casos de infecção continua a dever-se à transmissão sexual. A equipa de Schmid reviu o trabalho e a teoria de Gisselquist e constatou que não é muito comum, na África subsariana, dar injecções intramusculares. Mais: verificaram que, depois de terem sido utilizadas, raramente as agulhas ficam infectadas. É que a prática de lavar e ferver as que são usadas destrói eficazmente o vírus, argumenta. As seringas não podem, por isso, ser responsáveis pela transmissão do HIV. Assim, os 40 por cento de Gisselquist baixaram para apenas 2.5 por cento de transmissões devido ao uso de agulhas infectadas. "Concluímos que a infecção através de relações sexuais continua a ser o maior meio de transmissão do vírus e que as injecções dadas sem qualquer protecção, embora sejam condenáveis e devam ser eliminadas, não constribuem grandemente para a proporção de casos sugeridos anteriormente", declarou ontem Schmid, numa conferência de imprensa em Genebra, citado pela Reuters. A equipa da OMS/Onusida refere que nove em cada dez adultos foram infectados por via sexual. Por isso, defende a manutenção de programas de prevenção que se centrem na divulgação da prática do sexo seguro e no uso de preservativo.
Pode também ter interesse em: