Pensada há mais de um ano, a Horus Gay - Associação Gay, Lésbica, Bissexual e Transexual de Viseu viu a sua criação, para já informal, acelerada, na sequência dos ataques, perseguições e agressões de uma alegada milícia organizada, a alguns dos seus membros. "Esta é a nossa forma de dizer basta. Unidos, seremos mais fortes", avança Miguel, nome fictício de um dos quatro fundadores. Sem recursos, sequer, para proceder à escritura notarial de constituição, a Horus conta com o apoio de voluntários. E com a Câmara de Viseu, da qual espera a cedência de um espaço. "Temos um plano de trabalho extraordinário. Que corre o risco de cair por terra, se não tivermos um sítio para trabalhar", explica Miguel. "A Horus mandou-nos um ofício a pedir apoio, mas não disse qual. Esperamos que isso aconteça, para que, tal como acontece com outras associações, vermos de que forma podemos ajudar", avançou Fernando Ruas, presidente da autarquia viseense. "Queremos, a partir de um espaço fixo, partir para o terreno. Promover acções de formação e de informação (inclusive com distribuição de preservativos) junto das escolas, cadeias, casas de alterne", explica Miguel. Um jovem, de 30 anos, com formação na área sócio-cultural, que quer ajudar a "abrir" mentalidades. "No espaço de oito dias, entre 12 e 17 de Março, eu e alguns amigos fomos alvo das agressões verbais, físicas e materiais de uma milícia que tem um alvo definido a comunidade gay. Um grupo, organizado, com cerca de 40 pessoas que precisa de aprender a respeitar a diferença", explicou Miguel. Os alegados ataques aconteceram no IP5, perto de Pascoal - tradicional ponto de encontro da comunidade homossexual da região -, e na própria cidade. "Está tudo em segredo de justiça. Espero que quem se mete connosco seja castigado", vaticinou o jovem fundador da Horus. A associação gay será inaugurada em meados de Abril. Alguns dias antes do fórum e concentração, ainda sem data marcada, que poderão levar a Viseu muitos homossexuais. "Nem será preciso vir gente de fora. Apenas no espaço de um mês, foram-me apresentados 94 homossexuais, residentes em Viseu, de várias idades e profissões. Gente que ia para o IP5 por falta de um espaço para falar dos seus anseios, frustrações e fetiches sem alguém aolhar de soslaio. E também para o engate. Mas nunca com a ideia de atentar contra os direitos do restantes utilizadores daquele espaço", frisou Miguel.