Bernard Randall chegou ao Reino Unido deportado do Uganda, mas o seu companheiro Albert Cheptoyek ficou detino no país.
Os dois foram acusados de trafego de "material obsceno": um vídeo que Randall tinha no seu PC com ele e um antigo companheiro a fazerem sexo, e enfrentam uma pena de sete anos por esta razão.
Parte dessas imagens foram publicadas pelo jornal “Red Pepper”, juntamente com uma lista de 200 nomes e algumas fotos apontando nomes de cidadãos supostamente homossexuais.
Randall, sendo cidadão inglês, foi deportado para o seu país de origem e retirada a acusação. Mas Albert continua detido no Uganda, seu país natal. Randall tem feito apelos sucessivos ao governo inglês para este interceder e trazer para junto de si o seu companheiro.
Randall considera que o Reino Unido tem tido uma posição muito branda relativamente à legislação anti-homossexual, ao contrário de outros países como Noruega, Dinamarca e Holanda que tem tido posições muito mais claras. Alguns países congelaram o seu apoio financeiro a organizações que desenvolvem trabalho no Uganda, e o Banco Mundial comunicou ter adiado um empréstimo de 64500 milhões de Euros ao governo ugandês.
A lei aprovada por Yoweri Museveni, presidente do Uganda, tem sido criticada também por individualidades mundiais, uma delas é o Nobel da Paz, Desmond Tutu, que comparou esta lei às leis antissemitas da Alemanha nazi ou à perseguição vivida em Africa do Sul durante o apartheid.
Até o ministro dos assuntos externos da Escócia, Humza Yusuf, apelou ao ministro do exterior britânico, Wilian Hague, para este oferecer asilo a todos os ugandeses que se sentem ameaçados e perseguidos por esta lei.Mas, pelo menos no casos de Randall e Albert esta medida não seria muito útil pois as autoridades ugandesas não deixam Albert sair do país, e Randall teme, obviamente, pela segurança do seu companheiro.
Em resposta a um pedido de esclarecimento de Randall as autoridades britânicas responderam que "o Reino Unido juntamente com os nossos parceiros internacionais, continuará a pressionar o governo do Uganda para a defesa dos direitos humanos, sem qualquer tipo de discriminação. O Reino Unido está em estreito contato com grupos da sociedade civil no Uganda e continuarão a apoiar esforços no sentido de melhorar os direitos humanos no Uganda".
O Uganda é um dos países da Commonwealth, organização inter-governamental composta por 54 países na sua esmagadora maioria ex-colónias britânicas. E é do tempo do Império Britânico que 41 destes países ainda tem leis que proíbem a homossexualidade que nunca foram revogadas, pese embora a declaração constituinte da organização que defende a promoção da democracia e direitos humanos entre os seus membros e não só.