Trata-se apenas de uma exigência social, que consagra um direito de igualdade e que regulariza uma situação que já existia. É um triunfo do Estado de direito, da razão e da liberdade individual." Foi assim que Pedro Javier Zerollo, vereador socialista na Câmara de Madrid, reagiu, quando o DN lhe pediu que se pronunciasse sobre as razões que levaram o PSOE e o presidente do Governo espanhol a avançar com este tipo de legislação. "Como dizia o poeta 'Todos temos de ser pedacinhos de um enorme plural.'"Homossexual assumido, ou o "rosto gay do PSOE" como os media espanhóis lhe chamam, Pedro Zerollo foi o antecessor de Beatriz Gimeno na liderança da Federação Estatal de Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais. Talvez por isso fale com tanto entusiasmo do tema, mesmo que o seu discurso seja politicamente mais partidarizado, ao contrário de Beatriz Gimeno. O que talvez se possa compreender melhor se pensarmos que Pedro Zerollo foi uma das pessoas que levaram José Luis Zapatero a assumir esta causa. "Acabou mais uma discriminação", diz Zerollo, comparando a legalização de casamentos homossexuais ao fim da escravatura e ao direito de voto das mulheres, entre outros exemplos. "Além do jámon, a Espanha (de Zapatero) passou a exportar também valores e um modelo de sociedade para o mundo." Questionado sobre a oposição de partidos como o PP e sobre as críticas proferidas pela Igreja Católica, Zerollo não hesita "Este debate só veio confirmar que a direita espanhola continua a ser uma direita extrema, que não reconhece a liberdade individual e que, nesta matéria, só está a amplificar aquilo que diz a hierarquia de uma Igreja que se mostra cada vez mais distante da realidade que a rodeia. "Imagine-se o que seria deste país se tivéssemos seguido as ideias da Igreja Católica: não teríamos uma lei que autorizasse a interrupção voluntária da gravidez; não haveria divórcio; nem nada que nos permitisse recorrer às técnicas da inseminação artificial."
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