Há filmes que por qualquer motivo se distinguem dos outros e graças à sua diferença são verdadeiras lufadas de ar fresco (qual Brize, qual carapuça) no panorama da produção cinematográfica. Este é um desses filmes.

A história que conta é muito simples. William é um rapaz de 15 anos, louco por rock and roll, que consegue convencer a revista Rolling Stone a financiar-lhe um artigo sobre uma nova banda, os Stillwater (em português, os Águas Paradas). Com o fim de escrever o artigo, ele acompanha a banda durante a sua digressão e acaba por fazer amizade com os seus membros e alguns dos seus fans.

Cameron Crowe, o realizador de "Jerry Maguire", consegue captar na perfeição a excitação e excesso dos anos 70 e fazer-nos sentir a electricidade dos concertos ao vivo e dos seus bastidores. Pelo meio consegue ainda contar-nos uma história sobre os valores da amizade, sem nunca cair na lamechice ou na típica moralidade made in Hollywood. Para além da realização, ele deve também ser elogiado pelo seu excelente argumento, inspirado por acontecimentos da sua adolescência. Infelizmente a academia de Hollywood decidiu nomeá-lo apenas para o óscar de Melhor Argumento Original, quando ele merecia também o de Melhor Realizador.

Também na direcção de actores nada lhe temos a apontar, conseguindo o melhor do excelente elenco ao seu dispôr. Todos eles encarnam na perfeição as suas personagens, mas há sempre uns que se distinguem mais que os outros. Neste caso particular tenho que destacar quatro. Dois deles são os nossos conhecidos Frances McDormand e Philip Seymour Hoffman. Ambos provam, uma vez mais, ser dois dos melhores e mais versáteis actores a trabalharem presentemente em Hollywood, dando-nos aqui duas das suas melhores intrepretações. Os outros dois são novatos que vão dar muito que falar, são eles Patrick Fugit e Kate Hudson. Ele, como William, é extremamente sincero e convincente na sua inocência, idealismo e espírito de descoberta. Ela (que é filha da minha amiga Goldie Hawn) é uma verdadeira revelação como a fan apaixonada pelo guitarrista do grupo, dando-nos uma intrepretação plena de graça, sinceridade e fragilidade.

Em conclusão, deixem-se transportar para o princípio da década de 70 e divirtam-se. Não se vão arrepender.

Miss Diva