Não estava muito afim de trabalhar, queria mais era aproveitar aqueles momentos com aquelas pessoas tão queridas e amigas, e nos primeiros dias nem tirei a máquina fotográfica da mochila. Mas no dia da parada, Pedro Almeida, assessor de imprensa da Associação pediu-me para fazer o registro fotográfico da conferência de imprensa. Mais para lhe agradar comecei a tirar fotografias, e quando dei por mim já estava à briga com os outros fotógrafos, disputando o melhor ângulo para fotografar a prefeita de São Paulo no carro principal da parada.
Fui arrebatado por aquela explosão de liberdade, confraternização, alegria, orgulho e simplesmente não consegui parar de tirar fotografias. Mas sobretudo moveu-me a consciência de que estamos vivendo um momento histórico: depois da liberação da mulher e da etnia negra nas ultimas décadas, que impõem progressivamente o seu valor perante o mundo, o segmento homossexual (após 2 mil anos de massacre e opressão), finalmente parece estar conseguindo romper as barreiras do preconceito, e caminhar em direcção a uma cidadania plena, e eu como fotógrafo homossexual e militante, não poderia deixar de fazer este registo, por nada desse mundo.
Dia treze de Junho de 2004 dois milhões de pessoas participaram da parada gay de São Paulo, depois das "Diretas Já" (movimento para reinício do voto livre, que ocorreu no fim da ditadura militar, já nos anos 80), nada jamais se assemelhou a esta incrível manifestação popular que está acontecendo em todo o Brasil.
Este ensaio é antes de tudo afectivo, emocionado e um olhar de dentro da militância sobre essa grande celebração da democracia que é a parada do orgulho lésbico e gay de São Paulo.
Pedro Stephan
de São Paulo, Brasil para PortugalGay.PT
(nota: este texto está em português de Portugal por ser o mais comum à maioria dos visitantes deste site)