Texto e fotos por PortugalGay.pt. Todos os direitos reservados.
Foi este sábado que a Invicta foi invadida de cor, som e, reivindicação. Treze estruturas organizaram, convidaram mais cinco e todos juntos invadiram as ruas do Porto entre a Praça da República e a Praça D. João I. Ás 15:00 já se encontravam algumas dezenas de pessoas nos jardins da Praça da República, e sobre a relva iam surgindo as faixas reivindicativas de cada organização. Em plena harmonia convidados e organização esperavam pela voz de arranque que surgiu nas cordas vocais apoiadas por megafone da Paula Antunes, representante do Caleidoscópio LGBT. Assim e munida de um guião foi chamando cada organização presente pelo nome: PortugalGay; Ponto Bi ; Poly-Portugal; Grupo Entidade XY do Sindicato Unificado de Policia; Gis – Grupo Intervenção Solidário; Panteras Rosa; Partido Humanista; JS; SOS Racismo; Bloco de Esquerda; Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens; UMAR; APPGS e Caleidoscópio LGBT. Este foram os organizadores, mas como nada se faz sozinho, esta numerosa estrutura convidou para estarem presentes na rua o site Manhunt; a Acampada (uma estrutura livre que nos tempos mais recentes tem acampado em várias cidades protestando contra o estado das coisas, nomeadamente contra as politicas sociais); a Associação Criança Diferente; o Movimento 12 de Maio (que no passado dia 12 de Maio lotou as principais cidades do País num claro protesto contra as politicas seguidas nessa altura); o site PortoGay e, por fim, a AMPLOS - Associação de Mães e Pais Pela Liberdade de Orientação Sexual. No início da marcha o carro de som do PortugalGay.pt/BoysRUs ia chamando as pessoas na rua para a marcha. Manifesto Todos juntos chamaram a atenção das forças políticas e da sociedade em geral sobre a discriminação que a população LGBT é alvo e mais agora com o extremar das políticas de austeridade que já se fazem sentir, ou não fosse o lema desta Marcha, "Rejeita a Austeridade; Abraça a Igualdade". E esta foi a principal mensagem que em frente ao Via Catarina foi apresentada para os manifestantes sentados no chão da rua. Foi lido o manifesto, documento que tenta de alguma forma e resumidamente chamar atenção para as dificuldades, para as políticas mal conduzidas e tantas vezes deslocadas da realidade social do país. Entre os pontos chave do documento o facto de esta luta de direitos ser de todos e todas quer sejam lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, transgéneros, interssexuais ou heterossexuais. Continua com uma referência à lei que permite a mudança legal de nome e género, mas simultaneamente cataloga de "doentes" as pessoas que usam a lei. Também criticada foi o "aval feudal" a que ainda estão sugeitas as pessoas transexuais em termos de operação de reassignação de sexo. Também foi defendida a protecção legal de todas as famílias, incluindo o fim da exclusão na adoção de quem não segue a norma heterossexual O manifesto apresenta alguns avanços legais recentes: o fim da discriminação na doação de sangue por parte dos homens que têm sexo com outros homens; o casamento para casais do mesmo sexo; a existência de um esboço de uma lei de Identidade de Género, mas recorda que ainda "há um longo caminho a percorrer na defesa de direitos essenciais, no combate ao estigma, ao preconceito e à exclusão.". O manifesto também rejeita que "arbitrariedades com base no racismo, na xenofobia, na desigualdade de géneros, na LGBTfobia continuem a ser socialmente toleradas", recorda a necessidade de uma educação sexual inclusiva, e também a importância de reconhecer que as pessoas com idade mais avançada também têm direito a uma vida de relacionamentos, emoções e afectos. O manifesto termina com a rejeição da "hipocrisia e a tacanhez", do "preconceito e a violência" e da "austeridade", concluindo que abraçam a igualdade. No final da marcha Chegados ao fim da marcha na Praça D. João I, a animação já os esperava, e a voz de Goretti deu as boas vindas aos marchantes, através de duas canções conhecidas de todos, enquanto o bandeirão rodopiava no centro da praça. Depois Ana Afonso, representante do Poly-Portugal e do Ponto Bi, apresentou o sorteio de três presentes disponbilizados por apoiantes que ajudaram a custear os gastos da Marcha, seguindo-se uma assembleia popular que, pelo facto de ainda um conceito algo estranho para muitos, não funcionou tanto quanto o desejado pela organização, mas para o ano já está prometido trazer de novo esta acção mas renovada. A ideia é sentir o que cada um tem a dizer sobre assuntos que a organização acredita serem do interesse de todas e todos, independentemente da sua condição social ou orientação sexual. Porto Pride Já jantados e de banho tomado, muitos seguiram a noite num evento mais antigo e festivo, mas também contendo uma posição política marcada pelo lado solidário que desde 2001 tem vindo a desempenhar. Falamos claro está, da 11ª edição do Porto Pride, que mais uma vez se realizou no espaço do Teatro Sá da Bandeira com organização do PortugalGay.pt e Boys'R'Us Club. Portas abertas um pouco mais tarde, porque as coisas organizadas por pessoas tem por vezes atrasos, às 23:00 vão entrando os primeiros convivas, que não ficaram sozinhos muito tempo. No primeiro piso estavam as associações, Caleidoscópio LGBT; GIS; Poly-Portugal; Ponto Bi, APF e Amplos, no papel de divulgar o seu trabalho e se darem a conhecer a quem as procurou. No palco estiveram os DJ Luis "Britney", que fez o "warm up", seguido do DJ Jordan, e depois Nuno Cacho, que referiu no seu facebook que encontrou no público do Porto Pride "um público extraordinário que o fez vibrar". Intercalado com os sets dos DJ, quem pisou o palco no inicio da noite e pela primeira vez no Porto Pride foi Sina Key, que ao som de Moloko agitou a pista com a sua voz terminando com a interpretação que serviu este ano de fundo ao spot "Porto Pride 2011" na Rádio Nova Era, o tema "Still Waiting" do DJ Sérgio Delgado. Esta actuação antecedeu as performances, onde actuaram Faradiva; Lady Slim e, Natasha Smmynova, sendo que esta última completou o seu número deixando o palco numa moto vintage. Na ocasião foi também apresentada aos presentes a transferência de 2737,04 euros do Porto Pride 2010 que se junta ao donativo já transferido anteriormente por parte da PassMúsica. Já por volta das quatro da manhã foi altura da voz poderosa de Karina May. Também nortenha, e que tal como Sina já havia participado na série da TVI "Morangos com Açúcar", veio ao palco do TSB depois de ter estado a actuar numa outra casa do Porto. Os meninos da ManHunt também animaram o palco e plateia e o evento teve o apoio ainda dos Anjos Urbanos Cabeleireiros, Thermas 205, Norponto, Cuty Sark Whisky, Royality Vodka e Emparque. Na plateia convivas dos quatro cantos do mundo, e além de muitos Portugueses, conseguimos identificar pessoas vindas de Espanha, África do Sul, Estados Unidos, França, Bélgica entre outros que só saíram do teatro depois das 8:00 da manhã de domingo. Todos juntos conseguiram fazer com que, mesmo em tempos de crise, o Porto Pride 2011 resulte num donativo de valor muito semelhante à edição do ano anterior para a Associação SOL de apoio a crianças afectadas pelo virús VIH/SIDA.