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Religião e LGBTs

Igreja Católica

    Introdução

    Sendo Portugal um país esmagadoramente católico, compreende-se que dediquemos um espaço particular à apresentação e análise das posições da Igreja Católica face à homossexualidade.

    Esta análise é feita do ponto de vista de alguém que se assume como católico, como tal alguns dos pontos de vista aqui apresentados podem parecer estranhos para não crentes.

    Certamente que muitos de nós, somos também católicos e quantas vezes não nos sentimos excluídos da Igreja pelo simples facto de sermos homossexuais?

    Nesta sub-secção analisaremos as posições da hierarquia da Igreja Católica e mostraremos os seus contrasensos, as suas apreciações deficientes e, quantas vezes, apressadas de uma realidade que persistem em não entender. Numa atitude perfeitamente autista ao mundo e às suas realidades.

    As Posições da Igreja Católica

    A Igreja Católica faz a distinção entre orientação homossexual, que considera moralmente neutra, e comportamento homossexual, que considera pecaminoso. Por outras palavras, pode ser-se homossexual, desde que não se "pratique".

    Desta forma, o homossexual, que sentisse essa sua 'orientação' teria de levar uma vida de total abstinência sexual.

    Convirá aqui recordar que a esmagadora maioria dos homossexuais que tentaram levar esta vida de abstinência sexual, acabaram por exprimir as suas necessidades sexuais de forma autodestrutiva.

    A Igreja Católica também tem feito de forma consciente uma campanha para desculpabilizar as situações de pedofilia em diversas dioceses pelo mundo fora confundindo-as com homossexualidade. Na maioria dos comunicados sobre abuso sexual de menores a Igreja Católica indica como solução remover os padres homossexuais... isto tem duas consequências: 1-aumenta o estigma da homossexualidade, 2-não resolve o problema real que é a pedofilia. Mas parece que a Igreja Católica prefere estas duas consequências e de alguma forma tapar o sol com a peneira.

    O Que Nos Diz a Bíblia?

    Certamente que de todos os livros antigos existentes a Bíblia é aquele de mais difícil interpretação, pois esta tem, necessariamente, de ser feita em sentido metafórico e tendo em consideração a época histórica e o contexto sócio-económico-cultural em que foi produzido o texto bíblico.

    A Igreja Católica não assenta os seus ensinamentos somente na Bíblia, mas apela à Bíblia para apoiar os seus ensinamentos acerca da lei natural. Os documentos da Igreja afirmam que, desde o livro do Génesis até ao fim do Novo Testamento, há uma oposição constante aos actos homogenitais.

    Sem margem para dúvidas, podemos afirmar que a Bíblia condena a prostituição hetero e homossexual, mas nada nos diz sobre as relações estáveis entre homossexuais, tal como hoje as entendemos.

    Não nos devemos esquecer que a Igreja Católica também ensina a compreensão para com os homossexuais.

    Para a Igreja Católica a procriação é um aspecto essencial da sexualidade humana, portanto todos os actos sexuais devem possibilitar a concepção. É também por isto que os ensinamentos católicos vão no sentido de proibir os actos denominados de homogenitais, bem como a contracepção, a masturbação e as relações sexuais pré e extra-maritais.

    Para a Igreja Católica isto é a lei natural, a ordem que o Criador deu ao Universo.

    Convirá agora referir que as posições da Igreja Católica, nem sempre foram as mesmas, pois até ao séc. XII não houve oposição estruturada à homossexualidade na Europa Cristã, com excepção dum período por altura do colapso do Império Romano e durante quase dois séculos após o Cristianismo se ter tornado na religião oficial do Estado, os imperadores cristãos das cidades ocidentais toleravam os actos homossexuais.

    No séc. VII, na Espanha visigótica, uma série de seis conselhos nacionais da Igreja recusaram-se a apoiar a legislação contra os actos homogenitais. à volta do séc. IX, quase todas as zonas na Europa Cristã tinham códigos locais de leis, incluindo secções detalhadas sobre ofensas sexuais. Nenhum deles, excepto o de Espanha, proibia os actos homogenitais.

    Nós Também Somos Igreja

    Ser homossexual significa estar arredado da participação activa na sua comunidade paroquial; significa estar segregado, marginalizado.

    Será porém este o ensinamento de Cristo? Será que o mesmo Cristo redentor que abençoou os puros de espírito, que chamou a Si todos os cansados e os oprimidos, que chamou todos sem excepção à sua Igreja, pode apelar à segregação? Ao afastamento? à marginalização? Serão mais dignos do amor de Deus todos os demais fiéis que sendo homossexuais não o dizem? Que sendo casados cometem adultério? Não será aqui que reina o pecado? Haverá pecado numa relação de amor e entrega mútua entre duas pessoas que se amam? Se Deus é amor, porque não poderá estar no meio do casal estável de homossexuais?

    Será que uma igreja que defende um Cristo que veio trazer a nova e eterna Aliança, pelo Novo Testamento, se pode refugiar, quando isso lhe é útil, em livros do Antigo Testamento?

    Será lícito que uma igreja que defende a interpretação não literal do texto bíblico, se refugie nesse tipo de interpretação quando pretende condenar a homossexualidade?

    Enfim, será a Igreja instituída por Cristo em Pedro, a primeira pedra, que está errada, ou será a igreja dos homens que peca?

    Estamos certos que Deus não olhará para a homossexualidade como pecado. Como seria isso possível de acontecer num Deus que ama e ampara todas as criaturas sem excepção? Efectivamente, se a homossexualidade for entendida como a identidade psicossexual dentro das fronteiras de um desenvolvimento humano saudável e psicológico, tendo por significado um relacionamento estável amoroso, então sendo Deus amor, onde há amor verdadeiro Deus está presente e onde Deus está presente não pode existir pecado.

    Deus criou as pessoas com atracções românticas e físicas por pessoas do mesmo sexo, assim como aquelas com atracções por pessoas do outro sexo. Todos estes sentimentos são naturais e são considerados bons e abençoados por Deus. Logo estes sentimentos e atracções não podem constituir pecado e ser motivo de exclusão dos homossexuais da participação activa nas suas comunidades paroquiais.

    Conforme já verificámos atrás a Igreja refugia-se na Bíblia para condenar a homossexualidade (entendida como uma relação amorosa estável e fiél entre duas pessoas que se amam e querem ser família), contudo (conforme também já o referimos) a linguagem bíblica não se refere à homossexualidade como a entendemos, mas a prostitutos masculinos que eram utilizados nos cultos pagãos. Certamente que em parte alguma da Bíblia se legisla sobre o tema de uma atracção profunda e de amor entre dois adultos do mesmo sexo, resultando num compromisso.

    Por outro lado, sendo a homossexualidade tão natural e dada por Deus como o é a heterosexualidade, facilmente nos apercebemos que as invectivas bíblicas contra a homossexualidade foram condicionadas pelas atitudes e crenças acerca desta forma de sexualidade e correspondentes a uma determinada época histórico-cultural.

    Deste modo, todas as manifestações de um amor fiél e responsável entre duas pessoas homossexuais não são algo tratado nas Sagradas Escrituras.

    O casal homossexual vivendo em pleno e de forma madura a sua relação de amor mútuo, deve fazer parte integrante da sua comunidade paroquial. Nela participar activamente, dando testemunho, paralelamente com os demais casais heterosexuais, pois o casal homossexual católico não deve, nem pode, continuar a ser arredado da sua Fé em Deus e em Cristo. Um Cristo que diariamente continua a morrer na cruz para redenção da humanidade, de toda a humanidade.

    Por tudo isto e como leigos empenhados nas suas diversas comunidades paroquiais os casais de homossexuais devem ser chamados à participação, pois também são parte da Igreja.

    Mas eu estou sozinho!

    Não é verdade.

    Tal como em outros locais do mundo, em Portugal há grupos de apoio e auto-ajuda para cristãos LGBT, em particular recomendamos um contacto com O Grupo Rumos Novos onde poderão fornecer mais informações sobre as suas actividades.
 
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