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Segunda-feira, 27 Outubro 2003 00:57

ITÁLIA
Crucifixos nas Salas de Aula Abrem Polémica em Itália



Vários ministros do Governo italiano e da hierarquia católica alinharam-se ontem na defesa da manutenção de crucifixos nas salas de aula, opondo-se à decisão de um tribunal de Aquila, que ordenou a retirada do símbolo da escola pública onde estudam os filhos de um activista muçulmano.


A polémica instalou-se no final da semana passada, quando foi conhecida a resposta da justiça italiana ao apelo feito por Adel Smith, dirigente da União dos Muçulmanos de Itália. "A presença do símbolo da cruz (...) manifesta inequivocamente a vontade do Estado (...) de colocar a religião católica no centro do universo, como uma verdade absoluta, sem mostrar o mínimo respeito pelo papel desempenhado por outras experiências religiosas (...) no desenvolvimento da humanidade", pode ler-se na deliberação de um tribunal de Aquila. A decisão - pioneira num país oficialmente laico, mas profundamente enraizado na religião católica - está a gerar uma enorme polémica, que alastrou da comunidade religiosa ao Governo. "A decisão é ultrajante e deve ser revogada o mais rapidamente possível. É inaceitável que um juiz apague milénios de história", declarou ontem o ministro italiano do Trabalho, Roberto Maroni. O responsável pela pasta da Justiça, Roberto Castelli, anunciou ontem a abertura de um inquérito, questionando se aquela decisão não viola as leis italianas, que desde 1920 estipulam que as escolas devem ostentar crucifixos. Isto apesar de, em 1984, ter sido assinada uma nova concordata, que separa o Estado da Igreja Católica Romana. O ministro da Justiça ameaçou mesmo o juiz caso se prove que a decisão é inconstitucional. O caso, já comparado pela imprensa à polémica do uso do véu muçulmano, deixou indignada a Igreja italiana. "Como pode alguém ordenar a remoção das escolas de um símbolo dos valores que estão na base do nosso país?", defendeu o cardeal Ersilio Tonini. "Esta decisão ofende a maioria dos italianos." Feliz com a decisão está Adel Smith, que levou o caso a tribunal. "Itália não é o Vaticano", declarou ao mesmo diário. "Não tenho qualquer luta contra os crucifixos... Limitaram-se a garantir-me o direito constitucional de não ter símbolos religiosos nas salas de aula onde os meus filhos estudam." Ontem, alguns sindicatos de esquerda apoiaram a decisão, defendendo que a retirada dos crucifixos das escolas vai permitir uma melhor integração das crianças que professam outras religiões.

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