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Quinta-feira, 24 Julho 2008 19:41

PORTUGAL
Unidade Livre de Drogas em Custoias promove debate incluindo temas LGBT



A Unidade Livre de Drogas do Estabelecimento Prisional do Porto, em Custóias, Matosinhos tem como objectivo ajudar os reclusos a ultrapassar a toxicodependência numa perspectiva de auto-ajuda, com múltiplas actiividades e apoio de técnicos qualificados, conforme nos explicou Mariana Cúria, estagiária na unidade.


A esperiência dos diversos reclusos que colaboram na gestão da unidade é clara: uma recuperação da auto-estima, "confiaça pessoal" e uma "experiência positiva, completamente". Toda a unidade organizou uma semana cultural incluindos jogos de confiança, uma visita à Clínica do Outeiro (comunidade terapêutica) e actividades lúdicas, Hoje a actividade foi um debate sobre toxicodependência com cinco apresentações seguidas de um debate.

Entre os oradores contava-se José Pinto da Costa, antigo director do Instituto de Medicina Legal do Porto. Pinto da Costa salientou que "o recluso deve ter a liberdade de escolher o seu caminho" tal como qualquer outro cidadão, mesmo que tal passe por consumir drogas. "Mas uma pessoa só é livre se estiver informada", alertou Pinto da Costa, considerando que, "relativamente à droga, há muito pouca informação" como em quase tudo em Portugal. O especialista contrapôs a posição de "a droga mata" com o facto de as drogas "dão prazer"... mas um prazer que tem consequências a curto, médio e longo prazo (quando há longo prazo).

Por outro lado o psiquiatra Freitas Gomes apresentou diversas informações sobre as consequências das diversas drogas sobre o corpo humano em geral e sobre o cérebro em particular, já Ana Tavares, da delegação Norte do Instituto da Droga e da Toxicodependência, apresentou alguns resultados do programa piloto de troca de seringas em Paços de Ferreira assim como outras medidas e mecanismos à disposição de toxicodependentes em meio prisional.

Filipe Paulo, em representação do PortugalGay.pt, fez uma intervenção sobre o “abuso de substâncias na comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros)", e em particular em pequenos sub-grupos da mesma. Um dos temas abordados foi a "pressão social para ganhar massa muscular e para ter mais prazer" sentida dentro de alguns círculos, em particular das festas gays. Essa pressão desemboca em muitos casos no consumo de substâncias como o ecstasy e as metanfetaminas em festas que duram mais de um dia, referiu. O problema é que, frisou Filipe Paulo, as metanfetaminas causam uma "uma elevadíssima dependência". São "mais viciantes do que a cocaína e a heroína" e provocam danos permanentes no sistema nervoso central. Outros temas abordados incluiram questões específicas de Lésbicas e Pessoas Transexuais perante uma audiência atenta e receptiva.

Seguiu-se um curto operíodo em que os reclusos fizeram algumas perguntas. A questão mais polémica foi a aparente contradição do programa de troca de seringas em meio prisional: "Não será um incentivo ao consumo de drogas", perguntou um dos presentes. Outro sugeriu haver "discriminação" entre aqueles que consomem drogras fumadas que são "controlados" dentro das prisões e os que o podem consumir drogas injectadas dentro das prisões com "cobertura legal". Questões como estas não obtiveram respostas inequívocas entre os palestrantes que referiram por um lado a questão de saúde pública, e por outro assinalaram a questão de que se há seringas tem de haver drogas que não são fornecidas pelos serviços, mas "isso levaria a uma outra discussão" segundo Pinto da Costa.

Ana Gomes, psicológa da unidade, retirou uma conclusão geral do que foi dito na palestra: "As drogas, no fundo têm efeitos positivos, mas os aspectos negativos são superiores e há soluções que permitem ser-se feliz sem elas".

A ULD funciona há 11 anos e tem "uma taxa de sucesso, à saída da cadeia, de 55 por cento", de acordo com os últimos dados, de Dezembro de 2007.

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