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Quarta-feira, 19 Abril 2006 09:16

PORTUGAL
Movimento Liberal Social defende a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo



Um novo movimento político, que cruza causas da esquerda com bandeiras da direita e traz a público um tema de que poucos partidos falam, o direito à eutanásia, apareceu recentemente nas ruas de Lisboa, para se dar a conhecer.


Movimento Liberal Social (MLS) assim se intitula o grupo de activistas que há cerca de um mês andou no Bairro Alto em busca de apoiantes e procurando sair do espaço virtual (www.liberal-social.org) em que nasceu, há cerca de três anos. "Para que nunca mais tenhas que votar em branco!", foi o mote escolhido para se definirem, no desdobrável onde dizem ao que vêm, o que defendem e apontam a razão da existência do MLS.

"Não nos identificamos com nenhum partido político existente em Portugal. Somos mais liberais do que o PS, sobretudo a nível de liberdades individuais. Ou, pelo menos, queremos ser mais corajosos nessa matéria do que tem sido o PS. Discordamos do BE a nível da política económica e achamos que se a do BE fosse posta em prática era o caos. Estamos mais à direita do que o PCP, somos mesmo o oposto, além de sermos muito europeístas. Consideramos o PSD e o CDS muito conservadores e o PND o mais conservador", explicou ao PÚBLICO Miguel Duarte, presidente do MLS.

Tal como Miguel Duarte, que tem 29 anos e é gestor de sistemas de informação na Galp Energia, os activistas do MLS são em regra novos e muitos deles trabalham em áreas ligadas às novas tecnologias e ao marketing. "A maioria está na casa dos vinte, trinta anos", diz o presidente.

"Tudo começou com umas trocas de e-mails na Internet, entre mim, o Vasco Figueira [actual vice-presidente para o programa político] o Hugo Garcia [tesoureiro] e o Maurits Van Der Hoofd [vice-presidente para relações internacionais], um holandês que reside há já alguns anos em Portugal. Foi pelos e-mails que trocámos ideias sobre questões políticas. Depois, começámos a encontrar-nos no Bairro Alto, o grupo foi crescendo e surgiu a ideia de criar qualquer coisa. Inicialmente, pensávamos num movimento de jovens, não propriamente uma juventude partidária, porque não havia nenhum partido por trás". contou Miguel Duarte.

O objectivo final já era então virem a transformar-se num partido. Mas não têm pressa nisso, explica o presidente do MLS, fundado em 2005. "O nosso objectivo a prazo é construir uma coisa sólida e daqui a uns anos sermos um partido. Para já, somos uma associação de cariz político, que conta com 50 activistas e um número indeterminado de simpatizantes."

Oficializar a associação não foi fácil, sobretudo porque os seus membros pretendiam criar desde logo uma estrutura que fosse já próxima da de um partido. "Aí esbarrámos na lei, que não permitia fazer exactamente o que pretendíamos", diz o presidente do MLS.

Embora o MLS não se identifique com qualquer partido existente no país, os seus elementos não partem do nada e há quem venha do PSD, outros do PP e até do BE. "Sentimo-nos ideologicamente muito próximos dos Liberais Democratas Europeus", diz.

"Ideologicamente, vamos sempre no sentido das liberdades individuais e de um Estado laico, que Portugal na prática não é. O Estado e a Igreja ainda se imiscuem muito", considera.

À direita criticam "o conservadorismo e uma sociedade tradicionalista e moralista, com leis fortemente limitadoras das liberdades individuais". À esquerda rejeitam "a ideia de um Estado controlador, que estrangula a iniciativa privada".

Ao actual Governo, o MLS aponta como defeitos "a excessiva timidez e o apresentar muitas coisas que são apenas de fachada. Nas 333 medidas do Simplex, algumas são só fachada e marketing, quando não é disso que Portugal precisa".

O problema diz, é comum a outros governos anteriores: "Em Portugal não vejo que haja uma estratégia, nem que estejam definidos os sectores em que apostar. Porque não as indústrias de mar? Porque não havemos de ser nós a liderar essa área?", questiona.

O que defende o MLS

Na declaração de princípios constante nos folhetos que o MLS tem distribuído, é patente a mistura de causas que defendem. "Queremos um Portugal com mais livre iniciativa, mais dinamismo económico, mais empreendorismo, mais competição entre empresas, com uma menor carga fiscal, mais transparência e menos burocracia", dizem.

Ao mesmo tempo defendem "um Portugal onde exista mais liberdade individual, onde as drogas leves sejam legais, onde uma mulher não tenha que se esconder por ter abortado, onde os homossexuais possam casar, onde a prostituição seja encarada como uma realidade e onde um doente em sofrimento não reversível possa pedir ajuda para terminar a sua vida".

E se para o MLS o Estado deve ter menos peso, há porém duas áreas em que ele deve intervir, embora de uma forma diferente da adoptada.

No ensino, o MLS acha que "devia haver um sistema tipo voucher, dando aos alunos liberdade de escolha entre as várias universidades. E mesmo nas privadas, o estado devia contribuir com um determinado valor para ele estudar". Na área da saúde, a meta é idêntica. manter alguma intervenção do Estado, mas dando liberdade às pessoas de consultarem os médicos que entendessem, fixando-se um valor para a contribuição estatal.

Liberdades não devem ser referendadas

E se na área económica o MLS se sente o oposto do PCP, já na questão do aborto o MLS aproxima-se PCP. "Nós votávamos a favor do aborto, mesmo sem referendo. Achamos que as liberdades não devem ser referendadas. Se calhar seria mais útil referendar o aeroporto da Ota ou o TGV do que o aborto", diz Miguel Duarte.

Além das liberdades individuais, há outras que o MLS defende: "As liberdades digitais. Fala-se muito nas escutas telefónicas, mas sobre o que se passa na Internet ninguém fala. E cada dia há mais controlo sobre o indivíduo a limitar a liberdade de expressão."

Os Objectivos

-Maior flexibilidade no mercado de trabalho

- Redução do peso do Estado na economia

- Rigor nas contas públicas

- Legalização da eutanásia

- Legalização das drogas leves

- Regulamentação da prostituição

- Legalização do aborto até às 12 semanas

- Legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo

- Cuidados básicos de saúde acessíveis a todos

- Simplificação do modelo tributário

- Justiça célere e eficaz

- Portugal e Europa menos burocráticos e mais democráticos

- União Europeia influente no plano internacional

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