O estudo Opposites Attract, que incluiu 16.889 atos de sexo anal sem preservativo entre os parceiros envolvidos, visava determinar se o VIH é transmitido ou não entre parceiros de diferentes estados de VIH, onde o parceiro VIH-positivo está em tratamento de supressão do vírus. Durante a pesquisa, uma "carga viral indetectável" tinha sido obtida no parceiro VIH positivo 98% do tempo.
Não é a primeira vez que um estudo refutou as percepções do público. Em 2014, o estudo do PARTNER relatou que nenhuma transmissão do VIH havia sido relatada entre 767 casais serodiscordantes ao longo de mais de 44,400 atos sexuais de penetração, onde o parceiro VIH-positivo tinha uma carga viral de 200 cópias/ml ou menos.
Em 2016, o estudo do PARTNER aumentou sua amostra de pesquisa para incluir 888 casais e 58.213 atos sexuais de penetração, sendo 38% deles casais homossexuais e mais uma vez descobriram que a possibilidade de uma pessoa seropositiva com uma carga viral indetectável transmitir o vírus para o parceiro era incrivelmente baixa.
Os resultados do estudo Opposite Attract, que foram relatados na 9ª International AIDS Society Conference on HIV Science (IAS 2017) no início desta semana, concentraram-se exclusivamente em casais homossexuais e recolheram pesquisas de todo o mundo, incluindo Austrália, Rio de Janeiro e Bangkok.
0,9% dos atos sexuais anais sem preservativo ocorreram enquanto o parceiro VIH-positivo apresentava carga viral detectável e 1,7% enquanto passavam os primeiros seis meses de terapia anti-retroviral (ART). Também não foram relatados casos de transmissão do VIH nestes casos.
24% dos parceiros VIH-negativos durante o estudo Opposites Attract relataram tomar profilaxia pré-exposição (PrEP), enquanto que os envolvidos no estudo PARTNER tiveram que relatar sexo sem uso de preservativos sem PrEP ou profilaxia pós-exposição (PEP). Opposite Attract
Juntos, os estudos não apresentam um único caso de transmissão do VIH em quase 40.000 atos de sexo sem preservativo, onde o parceiro VIH-positivo está em tratamento efetivo e o vírus suprimido.
O Dr. Anthony Fauci, diretor do US National Institute for Allergies and Infectious Diseases, disse:
Os cientistas nunca gostam de usar a palavra 'Nunca' de um possível risco, mas acho que neste caso podemos dizer que o risco de transmissão de uma pessoa seropositiva que está em tratamento e com uma carga viral indetectável pode ser tão baixa que não é mensurável, e isso equivale a dizer que não transmitem o vírus Anthony Fauci
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Os resultados da pesquisa proporcionam novos progressos no fim do estigma em torno do VIH e reforçam ainda mais o tema U=U (Undetectable equals Untransmittable - Indetectável igual a Intransmissível) da iniciativa Prevention Access Campaign.