Syifa (não seu nome verdadeiro) disse à Vice que tinha sido alvo de um desses exorcismos, e foi complicado não conseguir rir com a situação, quando foi colocada num tapete de oração muçulmano pelos seus pais enquanto um grupo rezava o Corão à sua volta durante cerca de meia hora. "Foi tão idiota para mim, mas tentei apreciar o que eles estavam tentando fazer por mim". Syifa de 33 anos também afirmou ter certeza de que não está possuída por nenhum demónio, e que continua a ser uma pessoa bissexual depois do evento e está atualmente num relacionamento com outra mulher. Ela não contou aos pais que a sua tentativa de conversão foi completamente inútil pois considera complicado para eles a aceitarem como é pois vêem as questões LGBT como algo "errado" e isto foi uma forma de eles acharem que "fizeram algo".
No entanto nem todos tiveram experiências tão simpáticas... Syifa referiu que ouviu gritos e pessoas sendo agredidas noutras salas do centro muçulmano de conversão, um dos mais de 30 existentes no país, e que teve sorte em não ter sido alvo dessa experiência traumática.
Em cidades como Padang e West Sumatra estes exorcismos são promovidos pelas autoridades governamentais. No final do ano passado, 18 casais do mesmo sexo foram presos pela polícia de Padang e forçados a participar num exorcismo muçulmano de conversão. Lucky Abdul Hayyi, membro de uma organização civil que ajuda o governo local nessas operações comentou
Temos um especialista em exorcismo para pessoas LGBT. Os gays geralmente são possuídos por demónios femininos.
Infelizmente o sentimento anti-LGBT é prevalente na sociedade indonésia. Num estudo de 2017 quase 9 em cada 10 inquiridos deste país conhecido pelos destinos turísticos como Bali e Raja Ampat, considerou as pessoas LGBT como "uma ameaça significativa". E estes exorcismos ampliam ainda mais este ambiente anti-LGBT que resulta muitas vezes em violência extrema.