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Prosa

Uma História como tantas outras...

Jun 2001

Tinha seis anos, quando o pesadelo começou sem que eu o tivesse deixado entrar. Era muito novo e mesmo assim eu já pressentia o meu medo, o meu desejo, a minha sina.

Era atraído para o pesadelo que não deverá ter um final feliz, ainda o sou. só que agora em maior escala e com maiores riscos, tentei só que o desejo é maior do que a vontade.

Eu sentia-me no inicio estranho, depois, anormal, pois todos os meus colegas falavam de raparigas e eu só me sentia atraído pelos capas de revistas onde é claro estava homens, se estivesse(m) em tronco nu o meu coração queria saltar do meu corpo em direcção a capa (batia com tanta força que eu às vezes pensava que ia morrer).

Eu era diferente e ninguém notava nem notam que o era porque me "escondia sempre atrás de uma máscara", máscara essa que dentro em breve vai cair ou serei infeliz para sempre porque sempre que a uso sofro e morro por dentro.

Passado algum tempo chamaram-me paneleiro, maricas só porque não gostava de jogar à bola como os rapazes da turma. Isto só passou tinha eu uns treze anos, mas a minha diferença era "notável", pois nunca queria ter namorada.

O meu sofrimento foi aumentando até hoje, sou prisioneiro de uma mentira, de uma orientação sexual, e de uma sociedade conservadora e racista.

Tenho dezassete anos e sou virgem, nunca fui a uma discoteca, nunca curti, nunca beijei, nunca amei...

Vivo numa fobia danada tenho medo e desejo ao mesmo tempo.

E por causa deste sociedade conservadora e racista torna uma sociedade gay menosprezada e quase oculta. Para muitas pessoa os gays são tão poucos que ... , mas não é assim.

Sai da catequese este ano por ver como a Igreja é racista e xenófoba e comecei a ir ao mIRC. Lá encontrei milhares de pessoas como eu e algumas moram até na mesmo cidade que eu.

Todas as pessoas que eu falei e já foram umas boas não são assumidas nem pretendem faze-lo, nem ninguém desconfia.

Mas eu não quero isto para mim, não quero viver na mediocridade, na mentira, como eu algumas vezes digo "eu tenho que começar a pensar pela minha própria consciência, pois eu quando vou dormir não durmo com a consciência do vizinho".

Sou infeliz e já me tentei matar só por ser assim como sou, mas cheguei à conclusão de que não vale a pena, tenho é que viver e quando tiver o 12º ano e a carta de carro tenho que assumir e jogar doze anos de martírio e sofrimento fora e passar a viver intensamente a vida.

Tenho ainda muito para viver e sofrer por esta vida fora por causa de certos preconceitos em relação a nós, mas garanto que quando os meus pais souberem todo mudará e no que depender de mim vou defender esta causa para mais ninguém sofrer calado esta angústia que tem que deixar de existir.

J.G
j.g.g@portugalmail.pt
 
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