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Política & Direitos


Carta ao Editor
Igreja proíbe padres com "tendências homossexuais"
24 Novembro 2005

Caro Director,

Na edição de hoje (24 Novembro 2005) do DN no artigo Igreja proíbe padres com "tendências homossexuais" pode-se ler:

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É essa a opinião do cónego João Seabra "É uma medida de prudência. A Igreja americana foi tão condescendente com o acesso dos homossexuais ao sacerdócio que acabou por ter de enfrentar todos aqueles casos de pedofilia. Não vale a pena afirmar que não há qualquer ligação entre homossexualidade e pedofilia, pois não existe um único processo contra a Igreja em que a pedofilia seja heterossexual", garante. Apesar de não querer comentar o conteúdo do documento por ainda não o ter lido, o padre Seabra considera "evidente a sua associação a esta crise. O processo teve consequências desastrosas e a Igreja Católica sentiu necessidade de ser particularmente prudente", conclui.
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1. Não há nenhuma razão para afirmar que "a Igreja [Católica] americana foi tão condescente com o acesso dos homossexuais ao sacerdócio". Pelo contrário: a Igreja Católica americana tem as mesmas regras que a ICAR em qualquer outro local do mundo. O Cónego está aqui a fazer confusão com outras congregações cristãs não católicas nos EUA... curiosamente essas congregações que até realizam matrimónios religiosos entre pessoas do mesmo sexo não estiveram envolvidas em escândalos de abuso sexual de menores.

2. Os casos de pedofilia não foram só enfrentados pela Igreja Católica nos E.U.A e Canadá. Há casos também em França, Portugal e mesmo no bastião do Catolicismo na Europa: a Irlanda.

3. "não existe um único processo contra a Igreja em que a pedofilia seja heterossexual" é completamente falso. Dos 82 padres católicos acusados de abusos sexual de menores na paróquia de Boston, pelo menos 16 são acusados de abuso a menores do sexo feminino. Por outro lado é óbvio que um padre tem um acesso facilitado a menores do sexo masculino em detrimento de menores do sexo feminino... como diria o povo "a ocasião faz o ladrão".

4. O grave problema de pedofilia na ICAR não se deve apenas ao abuso em si. Afinal os padres são pessoas como as outras, mesmo com ajuda do Espírito Santo de vez em quando não são escolhidos os mais adequados. O problema principal é que a hierarquia da ICAR nada fez para levar os culpados destes abusos à justiça. Pelo contrário: a hierarquia da ICAR teve um papel activo na protecção dos seus clérigos (mesmo com provas claras do abuso de menores) em detrimento dos membros das congregações.

Cada um é livre de emitir as suas opiniões, mas quando essas opiniões tentam transmitir factos errados então é obrigação dos jornalistas apurar a verdade e corrigir estes erros.

Grato pela atenção,

João Paulo
Editor PortugalGay.PT

 
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