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Segunda-feira, 26 Setembro 2011 19:01

INTERNACIONAL
WPATH anuncia novos standards of care para transexuais e pessoas de género não-conforme



Houve brindes de champanhe e ondas de aplausos quando a WPATH (World Professional Association for Transgender Health), conhecida internacionalmente como os peritos sobre saúde transexual, transgénero e queer, anunciou os novos Standards of Care (padrões de tratamento) para a saúde de transexuais, trangéneros e pessoas de género não-conforme num simpósio no Emory Conference Center em Atlanta.


O presidente da comissão de revisão da WPATH, Eli Coleman, anunciou o lançamento da 7ª versão dos standards of care a umas 300 pessoas que compareceram ao simpósio numa parceria com a Gay & Lesbian Medical Association e a Southern Comfort Conference, a maior conferência trans dos EUA, que ocorre anualmente em Atlanta.

"Esta é uma ocasião memorável," afirmou Coleman antes de realizar uma breve descrição dos standards of care.

“Foi uma tarefa muito, muito importante. Só o título é uma mudança fundamental -- não se vê Gender Identity Disorder (Disforia de Género, Perturbação de Identidade de Género, Desordem de Identidade de Género, Transtorno de Identidade de Género),” exclamou Coleman ouvindo uma quente ronda de aplausos de transexuais, psiquiatras e psicólogos que lidam com indivíduos trans.

"Fizémos uma declaração clara de que a não-conformidade de género não é uma patologia", declaração que foi recebida com mais uma rodada de aplausos dos participantes.

“Alterámos radicalmente o tom. É mais sobre o que os profissionais devem fazer e não sobre as pessoas trans terem que provar as suas necessidades de saúde a esses profissionais,” explicou.

E quando Coleman anunciou que os novos standards of care explicitam em termos inequívocos, que "terapias reparativas são anti-éticas", houve ainda mais aplausos.

"Não é mais sobre hormonas e cirurgias - é sobre a saúde num sentido holístico", disse Coleman.

Foram distribuídas “flutes” (taças) de champanhe aos membros do comité de revisão dos standards of care e todos fizeram vários brindes depois do anúncio da versão 7.

Walter Bockting, o presidente cessante da WPATH, disse numa entrevista anterior ao lançamento, que a versão 7 dos standards of care representa uma mudança significativa das últimas seis versões - a versão original foi publicado em 1979, com revisões feitas em 1980, 1981, 1990, 1998 e 2001.

"Algumas das mudanças que fizemos incorporam verdadeiramente os últimos avanços científicos", afirmou Bockting, acrescentando, "a pesquisa nesta área tem realmente aumentado, assim ainda é uma área em crescimento, mas tem havido um boom de publicações de pesquisas. Os nossos standards of care são mais baseados em evidências.”

A conferência conjunta da WPATH, com a Southern Comfort Conference e a Gay & Lesbian Medical Association em Atlanta , foi um esforço conjunto para mostrar ao mundo o que está a ser feito na área de saúde LGBT.

Mas, acrescentou Bockting, os novos standards of care da WPATH também mostram o tremendo esforço que as pessoas transexuais estão a fazer para garantirem o seu acesso aos cuidados de saúde.

"Muitas vezes os standards of care foram entendidos como uma barreira mesmo que tenham sido feitos para o acesso aos cuidados de terapia hormonal e cirurgias", disse.

"As novas normas mostram o importante papel que [transexuais, transgéneros, e pessoas de género não-conforme] têm desempenhado na mudança do panorama da saúde trans nos EUA", acrescentou Bockting.

Algumas revisões fundamentais:

• Transexualidade, transgenderismo e identidades de género não-conformes (queer) deixam de ser consideradas como patologias.

• Psicoterapia não é mais um requisito para receber tratamento hormonal e/ou cirurgias, embora seja aconselhado.

"Costumava ser necessária uma quantidade mínima de psicoterapia. Uma avaliação ainda é necessária, mas pode ser feita por quem passa as receitas da hormonoterapia", Bockting explicou.

• Um número de centros de saúde dos EUA desenvolveram protocolos para a prestação de terapia hormonal com base numa abordagem conhecida como o Modelo de Consentimento Livre e Esclarecido. Estes protocolos são consistentes com a revista versão 7 dos standards of care da WPATH.

"Os standards of care são directrizes clínicas flexíveis, pois permitem a adaptação das intervenções às necessidades das que deles precisam e para a adaptação de protocolos para a abordagem e contexto em que estes serviços são prestados", explicou Coleman.

"O acesso está mais aberto e reconhece o cuidado que está a ser prestado às pessoas trans nos centros de saúde. Isso, certamente, torna mais fácil o acesso a hormonas", Bockting acrescentou.

• Existem agora normas diferentes para cirurgias, também. Por exemplo, um homem transexual que queira uma histerectomia não necessita mais de viver um ano como homem para receber a cirurgia. Da mesma forma, uma mulher transexual que queira os testículos removidos não tem de viver um ano como uma mulher.

Para pessoas que queiram a cirurgia reconstrutiva genital, no entanto, os standards of care recomendam uma vivênca de um ano no papel de género para o qual estão a transitar.

• Outra alteração importante, explicou Bockting, é que os standards "permitiem um espectro mais amplo de identidades -. não são mais tão binárias"

"Não há só uma maneira de se ser transexual e não tem de espelhar a ideia de uma mudança de sexo", explicou Bockting.

"Estes padrões permitem que uma pessoa queer tenha os seios removidos sem nunca tomar hormonas", disse ele.

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