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Domingo, 23 Outubro 2016 20:10

BRASIL
A comunidade trans no Brasil de Temer



No Sábado, 08 de Outubro Nathalia Mota Barreto (Nátyla Mota), uma mulher trans de 21 anos, foi atacada numa praça da cidade onde vive, Maiquinique, onde foi esfaqueada e espancada. Resgatada por familiares e amigos, foi levada para o Hospital Municipal de Maiquinique. O hospital negou auxílio à jovem Nátyla e ela continuou a ser agredida física e verbalmente. O caso foi filmado e gerou uma onda de revolta nas redes sociais brasileiras.


Nesse Sábado, Nátyla e o seu namorado (ou marido, segundo outras fontes) encontravam-se na Praça William Valadão, numa festa pública, quando foi hostilizada pela sua condição de mulher transexual, do que resultou uma “briga”. Depois de se separar do namorado, quando regressava (ou regressavam, não é claro se ia acompanhada ou não) a casa, foi abordada por quatro pessoas que a esfaquearam, tendo ficado com sete ou oito feridas. Além de diversas outras agressões, esfaquearam as costas, braço, rosto e o seu cabelo foi cortado com uma faca.

Os atacantes estão identificados: Luciano Ferraz, Jeane, a esposa de Luciano e mais duas mulheres conhecidas como Thais e Viviane.

Resgatada por familiares e amigos, Nátyla foi conduzida ao Hospital Municipal de Maiquinique. Daniela Andrade, activista trans brasileira, fornece mais pormenores: “De acordo com a vítima e testemunhas, o segurança do hospital local se negou a prestar socorro, mesmo ela estando próxima de lá, tentou fechar o portão enquanto ela se arrastava em direção ao hospital, ainda sendo agredida por Jeane, que as imagens mostram continuar a violência mesmo com a vítima dentro do hospital. Todos assistiam passivamente à atrocidade, inclusive a Polícia Militar da Bahia, que segundo o marido da vítima, o impediu de prestar socorro, ameaçando e o intimidando.”

Ainda de acordo com Daniela, a Polícia Militar nada fez para proteger Nátyla, tendo mesmo aconselhado Jeane a não sair do hospital porque “algum parente de Nathalia podia estar esperando do lado de fora”.

No video vê-se perfeitamente Nátyla no chão ensanguentada e ainda a ser agredida e pessoas passando por ela sem prestar qualquer tipo de assistência.

Eventualmente Nátyla foi transferida para o Hospital Cristo Redentor em Itapetinga, na zona sudoeste da Bahia. Ainda segundo Daniela, durante a transferência para o hospital da cidade de Itapetinga, a enfermeira nem sequer acompanhou a vítima no fundo da ambulância.

O caso só foi registado pela polícia no dia 14, quando o delegado Irineu Andrade se dirigiu ao hospital para fazer a queixa, já que Nátyla não teve condições de ir até a esquadra. Nátyla já tinha tentado fazer queixa ao entrar em contacto com o número de emergência da cidade de Itapetinga, mas não o fez por ter sido mais uma vez mal atendida.

Em declarações aos media, Irineu afirmou que "Houve uma demora injustificável na prestação de socorro e o porteiro do hospital não deveria ter deixado as agressões acontecerem",

O presidente do movimento LGBT, Luciano, em declarações numa entrevista ao Programa Chicote do Povo, da Rádio Jornal de Itapetinga, repudiou o ocorrido e deu detalhes do caso, acrescentando que todas as providências estão sendo tomadas. Ainda segundo Luciano, o grupo LGBT pretende fazer uma manifestação nos próximos dias juntamente com o grupo LGBT de Vitória da Conquista.

Nátyla recebeu alta na tarde de segunda-feira dia 17. No Facebook, Nátyla pede por Justiça: "Deus, obrigada pela vida. Obrigada por ter me tirado da morte. Divulguem o caso para que esses marginais tenham o que merecem."

O Brasil é conhecido por ser o país com o maior número de pessoas LGBT assassinadas. De acordo com o projecto Transrespect vs Transphobia da Transgender Europe, em 2015, 113 pessoas trans foram assassinadas. Ajudem a acabar com este flagelo, assinem a petição: Brazil Stop The Slaughter of Trans People (ver www.ipetitions.com/petition/brazil-stop-the-slaughter-of-trans-people ), promovida pelo Grupo Transexual Portugal e Planet Transgender. É tempo de agir.

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