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Domingo, 23 Agosto 2009 11:07

INTERNACIONAL
Complicações de género



Caster Semenya é uma atleta sul-africana. Ganhou a medalha de ouro nos mundiais de atletismo deste ano na Alemanha nos 800 metros femininos. Despoletou dúvidas sobre o seu género. Será homem, será mulher, será intersexo?


Enquanto não vem a resposta dos testes de confirmação de género a que vergonhosamente foi forçada a submeter-se relembrem-se alguns (não todos) outros casos que provocaram polémicas no mundo do desporto.

Stanisława Walasiewicz, polaca de nascimento (Stella Walsh nos EUA), uma das melhores atletas femininas dos anos 30, foi recordista de mais de 100 recordes nacionais e internacionais (entre os quais destacam-se 51 polacos, 18 mundiais e 8 europeus) incluindo a medalha de ouro dos 100m femininos nos Jogos Olimpicos de Los Angeles em 1932 e a medalha de prata nos Jogos Olimpicos de Berlin em 1936. Emigrou para os EUA e em 1980 faleceu tragicamente durante um assalto a um armazém em Cleveland, Ohio. Na autópsia foi descoberto que tinha genitália masculina, levantando imediatamente questões sobre a validade dos seus feitos atléticos. Testes descrobriram que tinha cromossomas masculinos e femininos. Muita gente ignorantemente ainda a olha hoje em dia como um homem que se fez passar por mulher.

Ewa Kłobukowska, também polaca, ganhou duas medalhas nos Jogos Olimpicos de Tokyo em 1964, tendo batido o recorde feminino dos 100 metros em 1965. Em 1967 tornou-se a primeira atleta a falhar num teste cromossomático por suspeitas provocadas pela sua aparência masculina e foi injustamente banida do desporto profissional.

Hermann “Dora” Ratjen, alemão, disfarçou-se de mulher prendendo os seus genitais ao corpo durante as competições Nos Jogos Olimpicos de Berlin em 1936, tendo ficado em quarto lugar. Em 1938 estabeleceu um novo recorde mundial nos europeus desse ano. Apesar de estar com um vestido, dois fãs do atletismo viram-no numa estação de comboios alemã com barba na cara. Um médico depressa descobriu a sua genitália masculina e não mais competiu, tendo admitido em 1957 que era um homem e que tinha sido o regime nazi a forçá-lo a competir como mulher.

Tamara e Irina Press, da extinta União Soviética, ganharam cinco medalhas de ouro e estabeleceram 26 recordes mundiais nos anos 60 em várias modalidades desde a corrida ao pentatlo. Durante as suas carreiras foi sempre posto em causa o seu género, com as suspeitas a avolumarem-se com o seu desaparecimento em 1966, quando os testes ao género se tornaram obrigatórios. Até hoje a imprensa russa clama pela legitimidade dos seus feitos.

Renee Richards, dos EUA, foi capitão da equipa de ténis da Yale University antes de se submeter a uma CRS em 1975. Seguidamente a transexual competiu no circuito profissional feminino mas foi proíbida de entrar no US Open devido à politica das mulheres-nascidas-mulheres. Contestou a proibição e em 1977 o New York Supreme Court deu-lhe razão, tendo então competido na final das duplas femininas no US Open com Betty Ann Stewart, sendo até hoje a única pessoa a competir nos circuitos masculino e feminino do US Open.

Maria Jose Martinez-Patino, de Espanha, falhou um teste genético nos mundiais de Kobe, no Japão, tendo no entanto ganho o ouro nos 60m barreiras. O teste foi revelado e regressou a casa destituída das medalhas e tendo perdido a bolsa de estudo e expulsa da selecção espanhola. Depois de uma batalha legal de dois anos, ganhou o direito a competir pois confirmou que a sua condição não lhe dava uma vantagem competitiva. Mas o ter estado parada fez estragos e falhou a qualificação para os jogos olimpicos de Barcelona em 1992.

Heidi “Andreas” Krieger, da extinta alemanha de leste, ganhou a medalha de ouro do lançamento do peso nos europeus de 1986 mas tomando esteróides como muitos outros atletas da Alemanha de Leste da altura. Em 1997 fez a CRS e mudou o nome para Andreas, supostamente por culpa dos esteróides. Casou posteriormente com a nadadora Ute Krause e tem um prémio com o seu nome atribuído anualmente a quem se distinga na luta contra o doping na Alemanha.

Balian Buschbaum, também alemão, era uma talentosa atleta alemã que em 1999 ganhou o europeu de júniores. Depois de uma década a competir internacionalmente retirou-se do desporto em 2007 devido a lesões e ao seu desejo de fazer a CRS, tendo alterado de nome em 2008 para Balian.

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