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Quinta-feira, 19 Setembro 2013 09:29

RÚSSIA
Advogada de topo assume-se trans e bi como protesto



Masha Bast é a presidente da Associação dos Advogados da Rússia para os Direitos Humanos e já trabalhou em alguns dos casos de direitos humanos do mais alto nível do país.


Ela defendeu clientes perseguidos pelo governo por supostamente protestarem violentamente contra a corrupção. Este fim de semana participou numa manifestação nas ruas de Moscovo para protestar contra as draconianas leis anti-LGBT da Rússia.

E na semana passada a luta pelos direitos humanos da advogada, sediada em Moscovo, adquiriu um tom pessoal, ao anunciar que é uma mulher transexual bissexual. Bast, que é casada com outra mulher russa, disse que decidiu assumir-se agora como protesto contra a proibição nacional de "propaganda de relações sexuais não tradicionais", que foi aprovada este verão. Desde que a lei, modelada de legislação local similar, passou no parlamento, por unanimidade, os russos LGBT e os visitantes foram espancados, sequestrados, presos, e silenciados no que equivale a uma proibição de identidades LGBT em qualquer espaço público ou privado, que possa ser acessível a menores.

Ao jornal The Moscow Times, Bast disse que sua motivação para se assumir publicamente era tripla.

"Em primeiro lugar, teria sido muito difícil para mim, pessoalmente, não me assumir", disse Bast. "Em segundo lugar, depois de ter representado as pessoas da Praça Manezh, partidários do Primorsky, e os casos Bolotnaya, quando terminaram finalmente tive a oportunidade de o fazer. Em terceiro lugar, como um protesto contra o que está a acontecer na Rússia de hoje. Eu não poderia apenas sentar-me e não fazer nada ".

O Moscow Times perguntou então a Bast o que a "fez" trans. Bast explica pacientemente o significado da palavra trans, ressalvando que se vê a si mesma como mulher, mas também como parte da comunidade LGBT.

"Não é uma questão de educação", disse Bast. "É da natureza. É por isso que eu penso que a lei contra a" propaganda homossexual "é uma lei contra as crianças e uma que tem como alvo certos grupos sociais. É uma lei fascista e nada mais."

Bast também falou sobre o conhecimento de ser uma rapariga desde os 10 anos de idade, e mesmo ter ido a bailes da escola vestida com roupas femininas, embora enquanto crescia na Rússia soviética, não houvesse pessoas LGBT que ela pudesse olhar como inspiração.

"Têm que entender a completa falta de informação sobre o assunto", explicou ela. "Segundo as estatísticas, há milhares de pessoas a passar pelo que eu passei. Imaginem todas as crianças que não têm nenhuma ideia do que está a acontecer com eles. Eu nunca encontrei um homossexual na minha infância e só aprendi o que era um homossexual pelos 14 anos. "

Apesar da proibição em todo o país da chamada propaganda homossexual, que impõe multas e possíveis pena de prisão para qualquer grupo de media ou indivíduo que fale positivamente sobre as pessoas ou identidades LGBT, Bast exorta os jovens russos trans para se assumirem publicamente.

"Quanto mais cedo, melhor", disse ela. "Não tenham medo dos pais. Muitas pessoas trans preocupam-se sobre como a sociedade os vê e pensam ser um problema para a sociedade. Não pensem assim. É um direito vosso. Se isso fizer alguém desconfortável, isso é problema deles . E especialmente para jovens mulheres trans, não tenham medo de irem a um médico. Há bons médicos em Moscovo e alguns em São Petersburgo que não vão julgá-las. "

Bast convidou apoiantes para acompanharem o seu progresso no Facebook, onde pretende postar informações sobre a sua transição clínica, incluindo a terapia hormonal, uma possível cirurgia, e sua resolução de permanecer assumida e viva num país que criminaliza a sua própria existência.

Bast também tem seu próprio canal no YouTube, onde ela posta "night blogs" discutindo a transfobia, a transição, e sua vida na Rússia.

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