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Segunda-feira, 16 Janeiro 2012 06:35

ESCÓCIA
Discriminação trans em escola



Um jovem estudante reclamou que foi mandado para casa por se vestir de rapariga.


Jamie Love, de 17 anos, estudante do sexto ano, foi humilhado e posto a chorar depois de chegar à escola usando collants, shorts, extensões no cabelo e maquilhagem - unicamente para ser mandado para casa.

Jamie, que pediu aos colegas para lhe chamarem de Keirny, afirma que tem conversado com os professores há meses sobre a sua transexualidade, em como se sente aprisionado num corpo masculino.

Tinha contado anteriormente os seus planos para ir à escola vestido de mulher, mas no primeiro dia em que apareceu no Govan High de Glasgow no seu novo papel, foi-lhe dito para arrumar as suas coisas e sair.

O jovem, à beira das lágrimas, afirmou: “Demorei anos para finalmente me abrir com alguém sobre o meu género e agora sinto-me traída pelas pessoas em quem confiei. Sempre me senti diferente mas nunca tinha conseguido falar sobre isso. Fizeram-me sentir parva. Abandonei a escola sentindo-me totalmente humilhada e lavada em lágrimas”.

Conforme os seus colegas iniciaram uma petição online para o seu regresso, a escola emitiu um comunicado explicando que Jamie tinha sido expulso devido à sua falta de compromisso com a sua educação, e não pela sua maneira de vestir.

Enquanto Keirny admite ter tido problemas comportamentais e disruptivos no passado devido ao seu conflito de género, tanto ela como a sua mãe, Alison, de 45 anos, insistem que a sua maneira de vestir era o foco das suas discussões na escola.

Keirny afirma que: “Fui à escola usando roupas femininas - uns calções pretos justos pelo joelho, collants de lã, extensões de cabelo pelos ombros, uma bandolete, uma camisa e gravata da escola. A escola sabia e eu já falava sobre como me sentia aprisionada num corpo masculino e tinha a necessidade de me expressar vestindo-me de mulher. Sentia-me muito nervosa por ir à escola como rapariga mas pensava que tinha o apoio da escola. Na primeira hora uma professora foi à sala de aula e disse-me para a acompanhar ao gabinete do director. Foi então que ambos me perguntaram “que estás a tentar fazer a esta escola?”. Disseram-me para arrumar as minhas coisas e não regressar.”

Disse também que:” Tive namoradas no passado mas não me parecia correcto. Não quero namoradas ou namorados. Só quero ser eu própria. No futuro talvez pense em fazer a CRS e tratamento hormonal, mas ainda é muito cedo para tomar esse tipo de decisões. Ainda me estou a ambientar no vestir no feminino.

Keirny, que escolheu o seu nome australiano por “gostar do seu som”, tem agora receio que o seu futuro como cabeleireira tenha sido comprometido. Estava a meio de um curso de cabeleireiros e esperava ganhar qualificações suficientes para um lugar no Central College em Glasgow.

A mãe de Keirny, Alison, afirmou:” Jamie não fez nada de mal. Tem todo o direito de se expressar como quiser e eu apoiá-lo-ei. Tem falado com os professores na escola sobre a sua sexualidade e em como se sente confuso e disse-lhes que planeava vestir-se de rapariga na Segunda. Foi preciso muito dele para se abrir com eles sobre como se sentia. Então eles mudaram e expulsaram-no da escola como se fosse uma enorme piada. Fui directa à escola e tive uma reunião com o director que me disse que estava vestido de uma forma inapropriada e não era mais bem vindo à escola. Disse que a sua vida escolar tinha acabado.

Um porta voz da escola afirmou por sua vez que “A hipótese de que o aluno tenha sido excluído da escola pela sua maneira de vestir é completamente falsa. A maneira de vestir dos alunos não é uma questão e em nenhum momento foi-lhe dito ou à sua família que era inapropriado. A escola valoriza e aceita bem a diversidade e tem experiência em apoiar casos similares no passado. A Govan High tem um historial de sucesso em ajudar jovens a encontrarem futuros positivos depois da escola e continuaremos a trabalhar com o aluno com o mesmo fim. Mas se desejar regressar à escola terá de demonstrar que está preparado para ter um alto nível de empenhamento com a sua educação.”

Alison retorca:” Já esperava que aparecessem com desculpas deste tipo a culparem Jamie. Sabia que tentariam sair desta embrulhada. Eu fui com a minha filha que testemunhou tudo - Eles disseram que estava vestido de forma inapropriada. Foi isso que nos disseram na reunião e não vale a pena estarem a negar isso agora. Sim, também discutimos problemas comportamentais mas não foi tudo. De facto, quando o comportamento surgiu, a forma de vestir de Jamie foi o foco de tudo.”

O grupo LGBT Youth Scotland, que ajuda jovens com problemas de género, afirma que jovens confusos muitas vezes demonstram “comportamentos desafiadores”. Um porta-voz esclareceu que “Segundo a nossa experiência, alguns jovens LGBT podem expressar comportamentos desafiadores se sofrem de bullying ou discriminação”.

Keirny contou à sua mãe há seis semanas que queria começar a vestir-se de mulher. Ela admite que foi um choque no princípio, principalmente por Keirny ser o único filho - tem mais seis filhas. “Primeiro fiquei horrorizada e chocada por o meu único filho querer ser rapariga, mas depois de termos tido uma longa conversa, eu vi que era algo que ele tinha de fazer. Tem ocultado isso há anos. Sente-se aprisionado no seu corpo e necessita de se expressar vestindo-se como rapariga. Não penso que esteja preparado para mudanças de sexo ou terapias hormonais ou algo desse género. Fiquei muito nervosa quando saiu de casa vestido como mulher. Mas eu aceitei-o como é. Porque não o pode aceitar a escola?”

Colegas da escola iniciaram uma petição online para Keirny ser reintegrada e, junto com muitos pais, bombardearam o seu facebook com mensagens de apoio.

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