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Sexta-feira, 13 Abril 2012 09:31

INTERNACIONAL
Talackova abre o Miss Universe a mulheres trans e a polémica instala-se



Jenna Talackova, a mulher que com a sua luta no Canadá abriu as portas do concurso Miss Universe para a comunidade transexual, abriu também as portas da polémica a nível mundial.


Semanas depois de ter sido desqualificada do concurso Miss Universe Canada, a organização do evento e a Gay & Lesbian Alliance Against Defamation anunciaram a 10 de Abril que as regras do concurso seriam actualizadas para permitirem a entrada de mulheres transexuais.

Talackova foi autorizada a competir este ano e a partir do próximo ano (2013) mulheres transexuais serão autorizadas a competir neste evento pertença de Donald Trump e da NBC Universal.

Mara Keisling, directora executiva do National Center for Transgender Equality agradeceu a Talackova por "ter lutado por ela e por todas nós".

Em declarações ao programa da ABC, The View, que a entrevistou juntamente com a sua advogada Gloria Alfred, Jenna Talackova afirmou que a cirurgia de correcção de sexo foi “extremamente dolorosa.”

Talackova não foi a primeira mulher transexual a querer participar num concurso de beleza. A brasileira Roberta Close, sex simbol brasileira há duas décadas, tentou-o mas não foi autorizada a participar.

Em 2001, no concurso celebrado em Porto Rico, correu o rumor que a candidata francesa, Élodie Gossuin, era transexual. Depois destes rumores, a organização enfatizou que as concorrentes devem ser mulheres de nascença. Na altura esta decisão foi considerada como um grande passo pela a igualdade de direitos para as mulheres.

As reacções a esta decisão da organização do concurso não se fizeram esperar.

“Jamais permitirei que no concurso Miss Panamá participem transexuais” foi uma das declarações com que Marisela Moreno, presidente da organização do Miss Panamá, brindou a decisão da organização do Miss Universe.

“Eu trabalho com mulheres nascidas mulheres, além de que as leis do Panamá jamais pemitirão que um homem seja candidato”, realçou, acrescentando que “se em qualquer momento existirem pressões, prefiro deixar a presidência da organização que ceder a estes caprichos. A decisão da organização mundial da Miss Universo deu-se porque o Canadá aceitou primeiro a participação deste jovem”.

Pela sua parte, María del Carmen de Aguayo, presidente da organização do Miss Ecuador, assegura que não deixará que uma pessoa que não tenha nascido mulher seja candidata à coroa de rainha do país visto esse requisito constar das regras do concurso de beleza.

“O Miss Ecuador não tenciona alterar as regras do concurso, embora Trump diga o contrário”, afirmou María del Carmen.

Desirée Lowry, directora do Miss Universo Porto Rico, escreveu no seu Twitter: “Creio que antes de aceitar transexuais no Miss Universo deverá dar-se oportunidade a todas as mulheres sem impedimentos do estado civil ou se têm filhos”.

A ex Miss Universo portorriquenha, Denise Quiñones, declarou-se a favor da participação de mulheres transexuais no concurso internacional de beleza.

“Entendo que ao darem oportunidade a esta pessoa de participar no Miss Universo deram um exemplo de tolerancia”, escreveu a ex rainha através de email enviado dos Estados Unidos, onde se encontra.

Por seu lado, a actual Miss Universe Porto Rico, Bodine Koehler, compara o seu caso, como rainha não nascida na ilha, com a autorização de competição para mulheres transexuais.

“Cada concurso tem um regulamento, eu tive de provar a nacionalidade, o tempo requerido a viver aqui, o peso, as medidas, a estatura, a idade. Se uma transexual cumpre com os requisitos é justo que a deixem participar. Claro que sim, tem o mesmo direito”.

Contrariamente a Bodine, Alba Reyes, Miss Puerto Rico Universe 2004, e advogada, pensa que não é justo que se deva permitir transexuais no concurso.

“Eu poderia participar num concurso de transgéneros, de travestis ou de homens? A resposta é não. Queiramos ou não, existe diferença de sexo ou de sexualidade. Acredito na igualdade em que se lhes permita adoptar ou casar com parceiros do mesmo sexo, mas num concurso de beleza orientado para a mulher não acredito”.

O activista de direitos humanos Pedro Julio Serrano defendeu a decisão da organização de aceitar a participação de mulheres transexuais no concurso de beleza.

“Há que ter muito cuidado com este tema para que não se justifiquem discriminações. A tradição como argumento para a não participação de mulheres transexuais não é somente discriminatório como perigoso. No passado debaixo do falacioso argumento da tradição não se dava o direito de voto a mulheres nem se lhes reconheciam direitos. Os tempos mudam e discriminações são eliminadas. Esta é uma abertura justa e que deve ser celebrada”, afirmou.

O concurso "Nuestra Belleza México" não alterará o seu regulamento face a esta polémica, assinalou Ana Laura Corral, coordenadora nacional do Nuestra Belleza México.

"Ele (regulamento) aqui fica igual, com os mesmos requisitos, nomeadamente terem de ser mulheres de nascimento” acrescentando que respeitam a decisão dos organizadores do Miss Universo.

Silvia Salgado, que representou o México em 1999 em Trinidad y Tobago, declarou que não está de acordo que se aceitem mulheres transexuais como candidatas ao Miss Universo.

"As organizações têm de marcar as suas regras e fazê-las cumprir sem se deixarem manipular por outros que bradam “discriminação”. Então se uma candidata aparece com menos de 1,60 de altura e não a deixam competir estão a abusar dos seus direitos?? Não, simplesmente não cumpre este requisito e pronto”, expressou.

"Não quero dizer que, como seres humanos, homens, mulheres, homossexuais e transexuais não tenhamos os mesmos direitos, mas acredito que se deveria disputar um concurso para transexuais onde possam competir em igualdade de condições".

Karin Ontiveros, Nuestra Belleza 2010, também não concorda com esta situação.

"Sinto que não era o adequado para este concurso (Miss Universo), mas bom, se tomaram a decisão e sentem que é a adequada... Para mim (o ideal sería) que o concurso ficasse como estava, como eu o vivi. Fiquei um pouco surpreendida com esta mudança de postura mas adiante, respeito as jovens que se queiram inscrever".

Osmel Sousa, organizador do Miss Venezuela, tal como o Nuestra Belleza México, reiteraram que nos seus concursos não aceitarão homens.

Alfredo Barraza, estilista colombiano com mais de 30 anos de experiência nestes eventos afirmou que “Acredito que seja um golpe para todos os países, vai contra a natureza do que é uma mulher verdadeiramente bela. O natural é que estes eventos sejam para mulheres (…) É injusto que ponham a competir transexuais com mulheres. Pode ser um golpe publicitário de Donald Trump”, disse.

Contrariamente a Barraza, Jaime Arango, também perito nestas andanças, pensa que é um grande passo para a igualdade.

“Tem que se acompanhar a evolução do mundo e há que abandonar as discriminações que existem. Desse ponto de vista parece-me bom desde que seja uma mulher: no passaporte, na documentação, perante o estado adquire direitos e se não tem filhos, cumpre todos os requisitos para participar no Miss Universo (…) A organização tem evoluído conforme o tempo. Esta decisão tem o seu fundo social e de respeito aos direitos humanos”, assegurou.

Claudia Elena Vásquez, Señorita Colombia 1996, disse:

“Estes concursos foram criados para realçarem a beleza das mulheres e por isso acredito que devam ser de mulheres que nascem mulheres. Respeito as regras dos concursos e da mesma forma penso que se o Miss Universo tomou esta decisão por alguma razão foi, mas é-me difícil pensar que um transexual possa participar num concurso de beleza feito para quem nasce mulher. Não estou contra (…) Parece-me que pode haver alguma vantagem por parte dos transexuais e parece-me algo injusto”.

A ex Señorita Colombia 1983, Susana Caldas, estranhou que:

“O Miss universo quer exaltar a beleza da mulher, não do homem como mulher. Por isso parece-me estranho. No entanto é uma mostra de que as coisas estão a evoluir para uma abertura total, sem qualquer tipo de discriminações. Não gostaria que uma filha minha entrasse num concurso assim. A organização terá as suas razões para tomar esta decisão. Eu sinceramente tenho as minhas dúvidas sobre os critérios para a entrada no concurso”.

A anterior detentora da licença da Miss Swaziland, Vinah-Mamba Gray posiciona-se contra esta nova regra. Mamba-Gray pensa que a organização devia antes criar um concurso separado para mulheres transexuais.

Outra antiga beleza, Antoinette du Pont acredita que o tema é muito falso e debatível.

"Alguns países agora aceitam casamentos homossexuais portanto estas coisas entrarão definitivamente. Acredito que quando alguém muda de sexo recebe um documento que certifica que são agora mulheres portanto não há nada que possamos fazer quanto a isso," afirmou.

Stanley Dlamini do Swaziland National Council of Arts and Culture partilha dos mesmos sentimentos que Mamba-Gray a acrescentou que esta nova regra não é boa.

Não se conhecem reacções, ainda, da parte portuguesa.

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