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Quinta-feira, 1 Outubro 2009 12:32

BRASIL
Candidatura a Tripout Gay 2009 ameaçada



Famoso pelas belas praias e pelos festejos de carnaval, o Rio de Janeiro parece cada vez mais um paraíso para o turismo gay, que continua a aumentar apesar dos altos níveis de violência urbana.


Em conjunto com Buenos Aires, Barcelona, Londres, Montreal e Sidney, esta bela cidade brasileira é finalista do concurso para "melhor destino gay do planeta" lançado pelo canal da MTV "Logo" e cujo resultado será anunciado em Novembro, durante o Congresso Mundial de Turismo.

Para o sector empresarial do turismo, alcançar o título de "Tripout Gay 2009" representará uma poderosa arma para anular os efeitos negativos das lutas policiais contra os narcotraficantes, assaltos e tiroteios nas favelas que tanto medo impõem aos turistas e habitantes.

Na sua luta, o Rio optou por atrair grandes eventos desportivos: foi sede dos Jogos Panamericanos 2007, será um dos centros do Mundial de Futebol de 2014 e mantém as esperanças de vir a organizar os Jogos Olímpicos de 2016.

Tanto as autoridades como os empresários locais têm consciência da necessidade de atrair um "público cativo", sendo que o turismo gay, em constante expansão, se aperfilhe como escolha natural.

Paulo Senise, da entidade Río Convention & Visitors Bureau afirma que o Rio de Janeiro tem todas as características para ser reconhecido como uma cidade "gayfriendly".

A campanha conta com o apoio tanbém do Riotur, um organismo carioca de turismo, que lembra que a população do Río "convive em harmonía, independentemente da raça, religião ou orientação sexual".

No entanto, segundo uma notícia de O DIA ONLINE, LGBTTI são caçados nas favelas pelos narcotraficantes e pelas milícias. Segundo reza, a violência afecta pelo menos um LGBTTI por dia, sendo que no Brasil inteiro morre um a cada 2 dias.

Moradores de favelas da cidade do Rio e da Baixada Fluminense, gays, lésbicas, travestis e transexuais vêm sendo caçados por narcotraficantes e milicianos nas comunidades onde moram. Espancados e humilhados em público, muitos acabam assassinados. Outros, com um pouco mais de sorte, são ‘apenas’ expulsos das favelas — após sessões de tortura.

Uma pesquisa feita pelo Grupo Gay da Bahia — uma referência na luta contra a homofobia e a transfobia no Brasil desde 1980 — revela que o número de assassinatos de LGBTTI cresceu 55% no País entre 2007 e 2008, quando foram identificados 190 casos, uma média de mais de um a cada dois dias, doze deles no Rio, sendo a maioria composta por transexuais e travestis.

Nascida e criada na comunidade, a travesti Marcela Soares, de 40 anos, revela que já perdeu muitas amigas torturadas e assassinadas só por serem quem são. “Isso já está se tornando comum nas favelas. E a gente não pode fazer nada senão morre também”, lamenta Marcela, que admite sofrer com o preconceito. “A gente se sente humilhada, afinal também somos humanos como os heterossexuais e exigimos respeito”, desabafa Marcela, que é formada em Moda.

A violência contra os homossexuais não é, no entanto, ‘privilégio’ das favelas dominadas pelo tráfico. Nas áreas controladas com mão de ferro pela milícia, o preconceito e a intolerância também mostram a sua força. Em Nova Iguaçu, por exemplo, a caça aos LGBTTI pode chegar a extremos. Morador da Vila de Cava, no subúrbio da cidade, o professor Carlos (nome fictício), de 26 anos, foi vítima de vizinhos que incendiaram a sua casa. Segundo ele, o atentado, nos finais de 2007, foi motivado pela rejeição ao facto de ser gay.

Próximo dali, em Mesquita, também na Baixada Fluminense, é igualmente comum encontrar vítimas da homofobia. Lésbica, a comerciante Jucyara Albuquerque, de 44 anos, é mais uma vítima que sofreu com o preconceito. Homossexual assumida desde os 16 anos, Jucyara afirma que tem um longo histórico de agressões.

Com tudo isto, não se vislumbra de que maneira o Rio de Janeiro conseguirá o tão almejado troféu, sendo que, ainda segundo o referido diário, o Brasil, com um LGBTTI assassinado a cada dois dias, passou a ser considerado o País mais homofóbico do mundo, seguido pelo México, com 35 casos no ano passado, e os Estados Unidos, com 25.

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