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Quarta-feira, 30 Agosto 2006 12:01

PORTUGAL
Oficina de São José afasta quem denunciou maus-tratos



A Direcção da Oficina de São José, no Porto, acaba de dispensar os serviços de duas técnicas que denunciaram situações de maus-tratos aos menores daquela instituição. Uma delas chegou inclusivamente a testemunhar durante o julgamento dos 13 envolvidos no designado caso Gisberta. A decisão foi comunicada oficialmente sob a forma de não renovação de contratos a prazo de uma assistente social e uma psicóloga, que estão ligadas à instituição "Qualificar para Incluir". O afastamento tem efeito a partir de 30 de Setembro.


Cidália Queirós, socióloga e directora da associação que também depôs no Tribunal de Menores do Porto, confirma os factos e estabelece relação entre o caso e a posição crítica para com a Oficina manifestada no julgamento. Que, conforme o JN já noticiou, motivaram a extracção de certidão para processo-crime no DIAP do Ministério Público do Porto, bem como para o Instituto de Segurança Social. Em causa estão casos de alegados maus-tratos.

"Há grande desfasamento entre nós e a direcção. Na Oficina de São José não existe projecto educativo, são usados métodos retrógados e autoritários. Aquilo é quase um armazém de crianças", afirma ao JN a professora universitária.

"Durante o tempo em que lá têm estado, as técnicas fizeram um excelente trabalho. Não podiam fazer melhor, face à recusa da direcção em aceitar os contributos da ciência. Aliás, as técnicas só lá estão porque a Oficina foi obrigada pela Segurança Social", acrescenta.

Exemplos de maus-tratos, denunciados nos depoimentos do julgamento, são a inclusão, na mesma camarata, de rapazes com tendência para urinar na cama; o uso das mesmas calças durante um mês; ausência de meios de higiene; castigos indiscriminados; falta de actividades lúdicas e não acompanhamento durante os fins-de-semana.

Tudo situações que "constituem atentados à auto-estima das crianças" e são casos de "negligência" e "miserabilismo". Cidália Queirós garante ao JN que tentou denunciar a situação junto da Diocese do Porto, mas nunca chegou a ser recebida.

"Apesar de afastarem as técnicas, penso que não vão conseguir desligar os rapazes da 'Qualificar para Incluir'", diz a socióloga. É que cerca de 40 dos rapazes da Oficina de S. José frequentam aquela associação, que presta apoio escolar e tem tido "resultados interessantes".

O JN tentou, sem êxito, ouvir os responsáveis da Oficina de São José.

Aquele que era o principal rosto da direcção da Oficina de São José foi encontrado morto anteontem de manhã em casa. A consternação instalou-se na instituição, até porque Germano Costa, advogado de profissão e director executivo da instituição, era visto como o exemplo a seguir. A PJ iniciou investigações e o corpo foi levado para o Instituto de Medicina Legal, a fim de ser efectuada a autópsia. Tudo, porém, apontava para a hipótese de suicídio. O funeral realiza-se hoje, às 10 horas, da Igreja Nova da Areosa, para o cemitério de Paranhos, Porto.

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