Na edição de Janeiro da Ordem dos Médicos foi publicado um artigo que classificava as pessoas homossexuais de forma errónea tendo em conta os critérios científicos actualmente aceites. A revista de Fevereiro vem corrigir a situação com dois artigos em sentido contrário que criticam não só o artigo propriamente dito como a sua publicação na revista da Ordem dos Médicos.
O primeiro artigo é de João Ribeiro que manifesta a sua "profunda indignação" com a publicação do artigo de Janeiro. E esclarece que o artigo anterior "não se trata de um artigo de opinião mas de um artigo de discriminação dirigido a gays e lésbicas e cujos únicos conteúdos são comentários bárbaros, ignorantes, arbitrários e sem qualquer fundamento científico ou sequer argumentação racional".
O médico João Ribeiro refere também que tal artigo é "impublicável" na referida revista, justificando que é preciso distinguir entre a "liberdade de opinião" e a "ofensa insultuosa".
O artigo continua com exemplos de secções do artigo de Janeiro e esclarecendo a posição sobre os mesmos e termina com um lamento que "tantos leitores tenham sido expostos a estas páginas na vossa edição de Janeiro".
Por outro lado Ana Matos Pires enviou um artigo à direcção da revista com o título "A ignorância também ofende". Em primeiro lugar manifesta a sua perplexidade por alguém levar a sério em termos científicos um artigo que começa por referir o "sexto sentido feminino".
Depois Ana Matos Pires questiona a Ordem dos Médicos sobre a razão da publicação do artigo que é supostamente de opinião, o que, na opinião da autora, não pode ser feito sem ser com base em factos.
E Ana Matos Pires indica que "não há ao longo do referido 'artigo', um único facto sustentado no que à homossexualidade diz respeito".
A autora também refere que há no texto ofensas a terceiros contrariando assim as declarações do assessor de imprensa da Ordem dos Médicos ao jornal Público de 22 de Fevereiro. E continua com exemplos de práticas que não faria sentido colocar na revista por serem, objectivamente, contra toda as "responsabilidades clínicas e científicas" da Ordem dos Médicos.