Números redondos, uma em cada cinco mulheres optou por fazer um aborto. Os dados são do Serviço de Higiene e Epistemologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que caracteriza a história abstétrica de mais de 1200 mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 92 anos. A estatística, ontem revelada pelo Diário de Notícias, não concerne a um estudo sobre o aborto, antes faz parte de uma megainvestigação sobre os estilos de vida dos portuenses. Um trabalho inédito no país, que segue a mesma amostra há cinco anos. [...] Henrique de Barros entende que não se pode extrapolar os resultados obtidos no Porto para o resto do país. A amostra - constituída de forma aleatória, através de números de telefone - é apenas representativa da cidade. [...] Da amostra do Serviço de Higiene e Epistemologia extraiu-se também o número de abortos por mulher: a maioria fez um; cinco por cento enfrentou dois; uma em cada 20 submeteu-se a três, quatro ou cinco. O grosso das mulheres que passa por este processo é oriunda de estratos sociais baixos, referiu o coordenador. Haverá muitos factores a explicar o opção, mas o facto de apenas dez por cento ter formação superior ajuda a colocar a tónica na falta de condições económicas. Recorde-se que, segundo a Direcção-Geral de Saúde, em 2002, realizaram-se 675 abortos legais e 4761 espontâneos em Portugal. Fora desta estatística ficaram as mulheres que protagonizaram os 5653 internamentos hospitalares por complicações resultados do recurso à interrupção candestina.
Pode também ter interesse em: