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Sexta-feira, 26 Novembro 2004 00:00

PORTUGAL
Faltam Medidas Sociais para Travar Gravidez na Adolescência



Especialistas em planeamento familiar criticaram ontem a falta de medidas sociais para travar a gravidez na adolescência em Portugal, o segundo país europeu com mais casos, salientando que não chega investir apenas na área da saúde.


Sílvia Graça, representante da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, adiantou que, entre 1957 e 2002, os valores dos números de gravidezes na adolescência têm-se mantido iguais em termos absolutos, "apesar do que tem sido feito". Segundo Sílvia Graça, Portugal tem a segunda maior taxa de gravidez na adolescência da União Europeia, sendo apenas superado pela Inglaterra. Para inverter esta situação, Cristina Matos, pediatra na MAC que recebe as adolescentes grávidas, defende um maior investimento na área social, onde considera residir o problema. "O que se nota, em relação há 10 anos, é que a qualidade de vigilância destas jovens e do recém-nascido tem melhorado francamente", mas falta actuar no contexto global, disse à agência Lusa, acrescentando: "Nós estamos apenas a trabalhar a parte da saúde. Nisso, os números são melhores. Mas depois falta tudo o resto", sublinhou. No ano passado, dos 6058 partos ocorridos na Maternidade de Alfredo da Costa, 188 (3,1 por cento) foram de jovens com idade inferior a 18 anos, revela um estudo da autoria de Cristina Matos, divulgado no seminário promovido pela Associação para o Planeamento da Família. Segundo este documento, 17 por cento das adolescentes tinham menos de 15 anos, 37 por cento não tinha qualquer actividade laboral, 34 por cento frequentava a escola quando engravidou e 20 por cento trabalhava. Em 84 por cento dos casos, tratou-se de uma primeira gestação, mas 16 por cento das adolescentes já tinham uma ou duas gravidezes anteriores, que terminaram em aborto em 54 por cento dos casos. Quanto aos pais dos bebés, a idade média, em 78,6 por cento dos casos, era superior à da mãe (média de 21 anos) e 70 por cento não tinha actividade laboral. A gravidez foi vigiada em 68 por cento dos casos, sendo 43 por cento exclusivamente na MAC, embora tardiamente. Houve sete por cento de gravidezes não vigiadas. Verificou-se que 8,6 por cento dos partos foram prematuros, não havendo diferenças estatisticamente significativas em relação aos dados globais da Maternidade. Pelo contrário, o número de partos por cesariana e fórceps foi significativamente inferior, adiantou a médica pediatra, acrescentando que não ocorreram asfixias nem óbitos. Ainda segundo o estudo, apenas 1,1 por cento dos recém-nascidos tiveram malformações congénitas e quatro por cento dos bebés foram internados na Unidade de Neonatologia. Tiveram alta com as mães 95,4 por cento das crianças, tendo um bebé sido encaminhado para adopção. Duas crianças vivem com familiares e duas vivem com a mãe em centros de acolhimento. O documento acrescenta que, na data da alta, estavam a ser amamentados 93 por cento dos recém-nascidos e que o tempo total médio de amamentação foi de 53 dias. Cristina Matos disse ainda à Lusa que os jovens sabem que existem métodos contraceptivos, mas não os usam porque pensam que "só acontece aos outros". "Eles iniciam a vida sexual cada vez mais cedo. Na grande percentagem das raparigas que engravidam, isso acontece nos primeiros seis meses após iniciarem a vida sexual", sublinhou. Para Fátima Xarepe, este problema é transversal a todos os níveis: "As pessoas não se encontram para comunicar, não se apoiam no dia-a-dia, e estas raparigas sentem-se muito sozinhas e abandonadas e a gravidez vem preencher vazios afectivos".

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