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Segunda-feira, 26 Abril 2010 04:02

EDITORIAL
36 anos depois!



Fez ontem 36 anos que a minha irmã estava a caminho deste mundo, o mundo dos homens, o mundo que estava em mudança, e uma parte desse mundo o meu país, estava a viver uma enorme mudança.


No dia 25 de Abril de 1974, deixávamos para trás 41 anos de repressão, intimidação, perseguições, 41 anos de medo.

Durante esse tempo os direitos das mulheres não existiam, durante esse tempo não se dizia, não se escrevia, não se via o que se queria.

Durante esse tempo Portugal viveu o orgulhosamente só, uma nação que antes havia conquistado os quatro cantos do globo, vivia agora fechada ao resto do mundo.

Contudo homens de coragem organizaram-se e derrotaram o poder imposto do momento. As vozes de cantores serviram para dar inicio e coordenar os passos das forças militares, dava-se assim inicio à construção da nossa sociedade como hoje a conhecemos, passávamos de um clima de medo para um outro onde se podia gritar Liberdade.

Foi mais ou menos isso que muitas e muitos de nós pensamos, foi mais ou menos isso que se pensou ir a acontecer, contudo eis que em 1975, alguém de lembra de recordar que aquele movimento não foi bem para todos.

Afinal as putas e paneleiros não estavam na lista dos beneficiados, afinal a liberdade, essa conquista fantástica para a sociedade Portuguesa, não era bem para a sociedade, havia uns quantos que iam continuar a viver na clandestinidade, continuar a fugir à polícia, iam continuar a viver reprimidos como até então toda a sociedade havia vivido.

Agora trinta e seis anos depois do inicio da Liberdade, temos mulheres que ainda morrem nas mãos de homens sem escrúpulos, mas uma lei alterou a forma de a sociedade interferir nestes actos cobardes.

Hoje já ninguém tem de viver uma vida de angustia e martírio, num casamento que não funciona, mesmo que um dos conjugues não queira que a separação aconteça.

Mas também temos mulheres que há pouco mais de 36 anos atrás nem votar podiam, e que hoje defendem que outras mulheres e homens não tenham o mesmo tratamento igualitário nas suas opções de vida, defendendo a discriminação com argumentos tão fracos que caiem como castelos de cartas, bastando para isso rever a história.

Contudo Portugal está a um passo de fazer parte dos países civilizados que vão alterando as suas leis visando tratar os seus concidadãos como pessoas, e não como homens e ou mulheres, nem como pretos e brancos, muitos menos como hetero ou gays, mas como seres humanos que o são.

Estamos por isso um passo de a lei do casamento civil estar acessível a todas e todos que queiram oficializar a sua vida em comum dessa forma, estamos a um passo de o 25 de Abril se concretizar uma vez mais, trazendo um pouco mais de liberdade aquela porção de cidadãs e cidadãos deixados para trás faz 36 anos. Estas alterações tem protagonistas, homens e mulheres, gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, e heterossexuais, descontentes com a sorte de uma conquista que não chegou a todos ao mesmo tempo, tem trabalhado ano após ano, para que esta sociedade seja una!

Por isso todos os anos um pouco por todo o mundo, e também em Portugal, essas mesmas pessoas saiem á rua marchando por uma sociedade mais justa! Mas porque são cidadãs e cidadãos desta país e porque a liberdade custa a chegar, estiveram também este domingo nas ruas, a marchar e a dizer que outras marchas estão a caminho, onde é requisitada a presença de todas e todos.

Os organizadores das Marchas do Orgulho GLBT, de Lisboa e Porto estiveram este 25 de Abril a gritar slogans, e a distribuir informação.

Exemplo disso foi a organização da Marcha do Orgulho no Porto, vulgo MOP, que distribui um pequeno flyer onde se podia ler “Existimos, Direitos exigimos”, comunicando que esta marcha terá ocasião no próximo dia 10 de Julho nas ruas da Invicta.

Marcharam ao lado de tantas outras pessoas, que celebram a conquista de uma liberdade que já usufruem desde então, enquanto os organizadores das marchas de Lisboa e Porto marcharam e gritaram por uma liberdade que tarda em chegar.

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