Ressalvando que os deputados da JS vão hoje votar favoravelmente o diploma apresentando uma declaração de voto, o líder argumentou que a organização "lamenta que se tenha perdido a oportunidade para não discriminar". E acrescentou, em tom crítico: "A esquerda moderna não deixa ninguém de fora."
As declarações de Pedro Nuno Santos foram feitas numa conferência de imprensa, na sede nacional do PS, destinada a apresentar a sua recandidatura à liderança da JS. Ainda no âmbito das lacunas da lei da RMA, o deputado sublinhou não entender por que é que "as mulheres solteiras férteis não podem recorrer ao privado" para ter filhos e lembrou que "as famílias monoparentais são cada vez mais comuns". "Estamos a querer legislar ignorando uma realidade", acrescentou.
Sobre a maternidade de substituição, reconheceu que a JS "compreende que as barrigas de aluguer não estejam no texto final", mas frisou que os jovens socialistas condenam a exclusão do recurso a irmãs ou mães. "As mulheres devem ter a possibilidade de recorrer às mães ou irmãs para ter um filho que não podem ter de outra forma", disse.
A abordagem à lei da RMA surgiu na sequência de uma série de postulados que o líder da JS quer aplicar no seu eventual segundo mandato. Nomeadamente projectar a JS como uma organização que "quer influenciar a agenda do PS e estar à frente do partido numa série de matérias". Santos admitiu que existe um "equilíbrio difícil a fazer quando o PS está no Governo" - "a agenda política da JS nem sempre é coincidente com a do PS", notou -, mas enfatizou que a JS está apostada em ser "a consciência esquerda do PS".
O secretário-geral apresentou ainda as áreas prioritárias da moção da sua candidatura (emancipação jovem, ambiente, Europa, IVG e casamento civil para casais homossexuais). O congresso decorrerá em Julho (dias 14, 15 e 16) e na corrida à liderança está também João Tiago Henriques.